Não há nenhuma dúvida que estamos vivendo uma crise econômica e ela é cada vez mais perceptível no dia a dia das pessoas. Só não estou seguro de sua verdadeira intensidade, pois em paralelo vivemos também uma crise política e ela, de uma forma ou de outra, acaba contaminando a nossa percepção. Isso equivale dizer o seguinte: se não houvesse uma crise econômica, a crise política não teria tanta intensidade e vice-versa.
No caso da crise econômica, é possível afirmar com alguma segurança (em economia nada é muito seguro, basta ver a quantidade de previsões econômicas que não se confirmam) que ela possui algumas causas internas e outras externas. É importante fazer tal observação para não perdermos de vista o fato de que vivemos em um mundo globalizado e que, em maior ou menor intensidade, aquilo que acontece na economia global repercute em todos os países. Já em relação aos aspectos internos dessa crise, o próprio governo já admitiu que "possíveis erros cometidos podem ter contribuído para o agravamento do quadro".
Mas em tudo isso também, seja na crise econômica ou mesmo na crise política, existe um peso relevante na forma e no tom do que é comunicado pela grande mídia. Basta ver a enxurrada de matérias com grandes destaques noticiando o rebaixamento da nota brasileira pela agência de avaliação de risco Standard & Poor's (S&P). Uma rápida pesquisa nas primeiras páginas dos jornais, nos dois momentos, evidencia que o barulho estrondoso do noticiário sobre o rebaixamento atingiu nível em escala decibel, notadamente superior ao verificado em 01/05/2008, dia posterior ao anúncio da obtenção do grau de investimento pela mesma agência, quando os jornais impressos noticiaram o acontecimento.
É claro que esse tipo de avaliação não deveria variar de importância no período que vai do anúncio de obtenção do grau até o rebaixamento da nota. Pelo menos do ponto de vista objetivo. Já do ponto de vista subjetivo...