Sem eira nem beira, condenados à ignorância por um sistema educacional precário e, portanto, ao desemprego, subemprego ou emprego de baixa qualidade, os pobres são ouro em pó para políticos. Usados por todos. E abusados por populistas e inescrupulosos, como bem mostra o ex-presidente Lula.
Em oposição explícita ao governo arrasado de sua pupila Dilma Rousseff, Lula tem sido cada vez mais enfático nas críticas ao ajuste fiscal que ele próprio aconselhou que a afilhada fizesse.
Sem enxergar saída, tirou o corpo fora para pregar a mesma ladainha de sempre: ele - e só ele - cuidou dos pobres, gastou e propiciou consumo e comida aos pobres, tirou 35 milhões da miséria. Dilma fala em mais de 40 milhões ungidos à classe média.
Mas até Lula, com toda a sua verve palanqueira, perdeu o charme. Na semana passada sentiu o gostinho de falar em praça pública. No Paraguai e na Argentina. Por aqui, só em ambientes fechados, com gente amiga. Seu discurso encontra travas em todas as frentes. Tem tido dificuldades para seduzir os pobres aos quais ele prometeu mundos e fundos e que se redescobrem pobres, a classe média, nova ou consolidada, e os ricos que nele viram chances de purgar culpas.
Hoje, tantos foram os engodos e aprontações de Lula, PT, Dilma e Cia - e aqui cabe destacar os sucessivos escândalos de corrupção, culminando com os da Petrobras -, que esses segmentos tidos como antagônicos se unem em repúdio.
A rejeição recorde de Dilma, os milhares que vão às ruas em protesto contra ela, os mais de 500 mil que assinaram petição pró-impeachment em menos de 24 horas, o sucesso dos bonecos-pixulecos espelham isso.
O feitiço atacou o feiticeiro, o "nós" virou "eles" e vice-versa. Juntos e misturados para dizer não a tudo que aí está. Não há, portanto, a menor chance de arrancar mais dinheiro dessa maioria para tapar os buracos da gastança desenfreada dos governos Lula-Dilma.
Neles, disseminou-se a roubalheira como política de Estado. Encheram-se as burras de muitos asseclas. O país empobreceu e faliu. Para eles, nenhum centavo a mais.