Na primeira aparição pública depois que se reuniu na última quinta-feira com a presidente Dilma Rousseff (PT), o ministro da Fazenda, Joaquim Levy destacou em Ancara, capital da Turquia, que a meta de superávit primário para 2016 é de 0,7% do Produto Interno Bruto, e não a estimativa de déficit do setor público consolidado de 0,34% do PIB, como foi manifestado na proposta de Orçamento para o próximo ano.
Perguntado se não havia um ruído entre a meta mencionada por Levy de 0,7% do PIB e o déficit de 0,34%, o ministro afirmou: "A presidente ontem falou. No rádio da Paraíba, ela confirmou 0,7% e teve repercussão nacional depois", apontou. Contudo, a transcrição da entrevista de Dilma Rousseff não aponta que a presidente se referiu a este número. "A meta é de 0,7%. A gente vai ter que construir isso no Congresso. É essencial ter uma meta bem firme, fundamental para não pôr em risco o grau de investimento", apontou o ministro, em Ancara.
Na entrevista concedida ao lado do presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, o ministro da Fazenda foi enfático em vários momentos ao defender a realização do ajuste fiscal, pois, do contrário, o Brasil poderia perder o grau de investimento. "Precisamos de meta firme para manter o grau de investimento do Brasil. É preciso encontrar um meio para viabilizar isso, inclusive no Congresso", afirmou. "Perder o grau de investimento é colocar em risco empregos e piorará a vida de brasileiros." E isso ocorreria por muitos anos, apontou.
Segundo o ministro, para viabilizar o ajuste fiscal, pode ser necessário elevar impostos, mesmo que de forma temporária, embora a prioridade é o corte de gastos públicos. O ministro afirmou que há discussões no governo para aumento de tributos, a fim de viabilizar o cumprimento da meta fiscal de 2016, questão que também está sendo tratada no Congresso.
"A presidente não descartou", disse Levy, sobre aumento de impostos. "Algumas pessoas no Congresso também têm falado. Pode ser que seja um imposto para ajudar a gente a fazer essa travessia", afirmou. "Se a gente também, em paralelo, votar as questões que são estruturais, e, com a economia mais flexível, mais competitiva, provavelmente a gente, mais para a frente, poderá talvez retirar."
O ministro não quis comentar se tratou com Dilma na reunião de quinta-feira sua permanência ou não no governo. "Eu não quero dizer nada", afirmou.