Duas semanas depois do anúncio de cortes de cargos e de ministérios para tentar sinalizar que o governo estaria levando a crise do País a sério, a presidente Dilma Rousseff, como de costume, zanzou para lá e para cá e nada avançou. Ao contrário. Só os impostos avançaram.
Rebatizada de CPPrev, a CPMF chegou ao Congresso acompanhada por uma Medida Provisória que aumenta o Imposto de Renda sobre ganhos de capital. Para dizer que algum corte houve, formalizou-se a polêmica proposta do fim do adicional para servidores aposentados que trabalham e dos pagamentos acima do teto. Essa última, uma determinação constitucional que deveria ser regra desde sempre.
Quanto aos cargos, nada. A promessa era cortar irrisórios mil dos mais de 100 mil comissionados, 7 mil deles pendurados na Presidência da República. Mas nem isso.
A União mantém hoje nada menos do que indecentes 22.619 cargos de livre nomeação, com salários que chegam a R$ 18 mil. Segundo o Contas Abertas, os cargos de confiança representam 86,1% do efetivo do Ministério do Esporte, 85,6% do da Pesca, 74% do de Desenvolvimento Social e 53% dos ministérios das Cidades e do Turismo.
A tal reforma ministerial, que já era tímida, deverá ser menor ainda. E dificilmente se poupará um único centavo. Muito menos servirá à eficiência da administração. Só está sendo feita para preservar o mandato da presidente.
O PMDB, o mesmo que acaba de negociar a ocupação de seis ministérios, se apresenta ao público em programa eleitoral em franca oposição a Dilma. O partido se posicionou contra o aumento de impostos e pisou forte no calo mais dolorido da presidente - a mentira. Temer abriu e encerrou o programa como presidente. E sem panelaço.
Em Nova York, Dilma apresenta ao mundo os planos e compromissos do Brasil quanto às questões climáticas e o desenvolvimento sustentável. Garantiu que são arrojados. Por aqui, ela só tem conseguido andar para trás. Além de competência, falta-lhe clima e sustentação para o exercício do cargo.