A combinação entre notícias negativas nos cenários interno e externo levou o dólar à vista a iniciar setembro no maior valor em quase 13 anos e motivou o terceiro pregão consecutivo de queda na Bolsa. Depois de tocar a máxima de
R$ 3,700 durante o dia, a moeda norte-americana fechou em alta de 1,6%, cotada a R$ 3,691, maior valor desde 13 de dezembro de 2002
(R$ 3,730). Já a Bovespa fechou em baixa de 2,46% ontem, aos 45.477,06 pontos.
Os sinais de contração da economia chinesa, a partir de indicadores industriais de agosto, espalharam nervosismo pelos mercados de todo o mundo, o que aumentou a aversão ao risco e a busca dos investidores por ativos de proteção. Com a queda dos preços das commodities e das ações negociadas em bolsas de valores, o dólar acabou por se fortalecer frente ao real, assim como aconteceu com divisas de outros países emergentes.
Ontem, a agência de classificação de risco Fitch fez alertas sobre a piora das condições do País nos últimos meses. A agência destacou que as revisões da meta fiscal colocam a tendência do primário bem abaixo do considerado no cenário base, além de refletirem as dificuldades da consolidação fiscal. O banco Morgan Stanley, por sua vez, afirmou em relatório que prevê a perda do investment grade do Brasil nos próximos 12 meses. Já para o JPMorgan, a desclassificação deve ocorrer até o final de 2016.
Na falta de notícias positivas que pudessem amenizar o mau humor, houve espaço para especulações em torno de diferenças de pontos de vista entre ministros e até sobre a permanência de executivos no governo. Em audiência na Câmara dos Deputados, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, disse que uma das soluções para a questão fiscal do País é enfrentar os problemas de maneira determinada.
Ele reconheceu o desequilíbrio no orçamento anunciado na segunda-feira, mas ressaltou que se a "casa" não for colocada em ordem, o dólar vai disparar. "É preciso tomar medidas para o Brasil voltar para a rota do crescimento", afirmou Levy.