Mesmo com apoio popular, cercado por alianças fortes, gente competente e confiável, governar é um ato solitário, difícil, não raro angustiante. No caso da presidente Dilma Rousseff, uma agonia que agudiza os efeitos da crise que já fez o País retroceder quase duas décadas.
Sem plano B, A ou qualquer outro, Dilma transformou o improviso em método de governo. A cada dia anuncia algo que no dia seguinte será desanunciado para ser reanunciado em seguida.
Fez um escarcéu com o envio inédito de um orçamento com déficit para defender superávit dias depois. Refez tudo em um único final de semana. Anunciou cortes e novos impostos. Vai, volta, vai de novo, volta de novo.
Mas não é a única. O ex Lula também tem vibrado como biruta em vendaval. Muda de ideia todas as vezes que desembarca em Brasília.
O mesmo Lula que passou a não esconder a insatisfação com a afilhada, que criticava abertamente o jeito desajeitado de Dilma fazer política, com declarações mais duras do que as da oposição quanto ao pacote fiscal, de repente dá demonstrações de não querer mais desapear sua pupila.
Os movimentos erráticos do ex, ora pró, ora contra a presidente, exprimem o tamanho da aflição. Permitem imaginar que o patrocinador teme o volume de informações que Dilma detém e o que ela pode fazer com isso caso seja destituída.
Aqui, é a operação Lava-Jato que fala mais alto. Mais do que as pedaladas em julgamento no TCU. Ou a possibilidade de que o TSE aprove a procedência da ação do PSDB contra o uso pela chapa Dilma-Temer de recursos provenientes de corrupção, tema que pode ser colocado em pauta hoje, e já conta com maioria em favor de sua admissão.
É o andamento das investigações da roubalheira na Petrobras e seus anexos que alucina Lula, Dilma e cia. É o que vai ditar o ritmo da apresentação, do aceite ou não do requerimento de impeachment. Que vai definir o passo do PMDB de Cunha, Renan Calheiros e do vice Michel Temer, e a velocidade da corrida da oposição.
Não é por Brasília. É por Curitiba que o País passa.