Ainda em abril, a senadora Marta Suplicy anunciou sua saída do PT. Depois de 33 anos de atuação na legenda, ela se desligou do partido fazendo muito barulho e distribuindo críticas duras contra aquilo que chamou de reincidência em atos de corrupção. Marta iniciava aí sua estratégia para viabilizar sua candidatura ao Executivo Municipal, condição essa inviável dentro das fileiras do PT, pois o Haddad deve ser candidato à reeleição.
De lá para cá, Marta flertou com diversas legendas. Mas, no meio político, a maior aposta era de que ela acabaria se filiando ao PSB. Até mesmo pelo fato dos socialistas terem sido históricos aliados do seu partido de origem. Pois bem. No sábado último, a senadora Marta Suplicy se filiou ao PMDB. Em seu discurso na solenidade de filiação, ela afirmou que o seu novo partido quer "livrar o Brasil da corrupção e da mentira". Disse ainda querer "um Brasil livre daqueles que usam a política como meio de obter vantagens pessoais".
Marta disse tudo isso no momento em que ela se filiava ao partido mais fisiológico de que se tem notícia. Desde a redemocratização do nosso País, o PMDB está no poder. Sempre fez parte da base aliada de todos os governos pós-ditadura militar. Na legenda que Marta abraça para livrar o País da corrupção e da mentira terá de caminhar ao lado de figuras políticas como Jader Barbalho, José Sarney, Renan Calheiros e Eduardo Cunha, por exemplo. É obvio que Marta não é desinformada. Seus movimentos e discurso têm apenas um objetivo. Quer e precisa de uma legenda que viabilize sua condição de candidata em São Paulo. E, ao mesmo tempo, tenta conquistar o eleitor que tem sentimento antipetista.
Marta tem base eleitoral forte nas periferias de São Paulo. Sabe que pra ser prefeita novamente precisa ampliar essa base. As questões que precisam ser respondidas são as seguintes:
1) Ao sair do PT, será que ela manterá o eleitorado que conquistou com as bandeiras históricas da legenda? 2) Assumir o discurso antipetista é suficiente para ganhar novo eleitorado?
Marta pode ter dado um tiro no pé.