Quem abriu as páginas de Economia dos principais jornais do Brasil na última sexta-feira deve ter ficado pensativo. Bradesco lucra R$ 4,5 bilhões no segundo trimestre do ano. Santander bate recorde de lucro no período, de R$ 4,8 bilhões. O banco Itaú, por sua vez, continua batendo na casa dos R$ 5 bilhões por trimestre. Ou seja, as instituições financeiras estão nadando em águas tranquilas, enquanto o restante do País enfrenta as ondas fortes. Tanto o presidente do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco, quando o do Santander, Jesús Zabálza, deram entrevistas ao jornal O Estado de S. Paulo mostrando que o desespero não bate na porta giratória das agências bancárias. "O País está mergulhado em um ambiente de ambiguidades, mas tem potencial", analisa. Já o presidente do Santander está preocupado em adquirir o HSBC. Um cenário de investimentos, visões de um futuro melhor, lucros e avanços, que nós meros normais não conseguimos enxergar nas ruas e empresas das cidades. O motivo principal para os bancos lucrarem mesmo com a crise é a alta dos juros estipulada pelo governo federal. Desta forma, Dilma Rousseff (PT) e o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, ganham ponto com os bancos privados, afinal, são eles quem estão com o dinheiro do povo (de uma forma ou de outra). Protegendo os lucros dos bancos, o governo recebe o apoio de talvez a principal fonte para se manter no poder. Imagine um cenário de bancos com prejuízos, outros quebrando, e os presidentes dos mesmos reclamando da falta de ajuda do governo. Com certeza, as chances de a presidente e sua equipe serem retiradas de Brasília seria maiores, ou mais fortes. Mas seguindo a cartilha, Dilma sabe a quem agradar para não perder uma briga. Na contramão dos lucros dos bancos privados, vemos o governo cortar mais de R$ 8 bilhões do orçamento nesta semana, sendo que boa parte desta verba seria para a Educação e à Saúde. Duas áreas de extrema importância para qualquer País que tem o objetivo de se desenvolver, o que não parece ser prioridade aqui no Brasil. A verdade é que os números dos bancos neste segundo trimestre, batendo recordes de lucros dentro de um País onde o trabalhador está com salários atrasados, outros brasileiros desempregados, empresas falindo e os preços dos produtos subindo sem parar, deixa uma sensação de injustiça no cidadão. Não queremos, é claro, que as instituições financeiras sofram com a crise, mas talvez queríamos a mesma atenção e proteção que o governo oferece a elas. Quem mais tem, também poderia ajudar a ratear a conta.