Há algum tempo escrevi sobre o uso de celulares a cada 99 pessoas em 100 dentro de um vagão. Hoje, a sessão "Fala que eu te escuto" tem a ver com outra prática tão comum nesse mesmo local: a psicologia.
Aproveitando que ontem foi o Dia dos Psicólogos, lembro-me de situações vivenciadas praticamente todos os dias. Sempre falamos que todos nós temos um "q" de psicólogo. É claro que não baseados nos estudos e nas formações, mas é tão bom um ombro amigo, né?
Muitas vezes saí de casa cabisbaixa, com preocupações diversas, naquele dia em que se pudesse ficaria debaixo das cobertas só vendo os ponteiros do relógio passarem.
Como não podia, no melhor estilo zumbi, ia caminhando até a estação de trem e embarcava alienada em algum potoque. E no esbarrão nosso de cada dia, bastava um simples pedido de desculpas, engatava uma conversa e, quando percebia, mesmo sem ser nada íntima, aquela pessoa ao meu lado se tornava importante ouvinte das minhas baboseiras, consolando-me de algo que nem sonhava e tirando os pensamentos nebulosos que atormentavam aquela manhã.
Os amigos que fazem a viagem comigo têm uma função muito semelhante. Vamos trocando palavras além do "bom dia" e sempre rola um desabafo ou outro sobre filhos, família, trabalho. Psicólogos formados, profissionais competentes, conheço vários e muitos são meus amigos, aí tudo se completa. Sou grata há muitos deles e sem a necessidade de nomeá-los, já que imagino que saibam, agradeço e parabenizo pelo dia de ontem.
Aos "psicólogos" anônimos, pelo gesto de muitas vezes verem alguém chorando no meio daquela muvuca toda dos trilhos, e terem a paciência de parar, perguntar o por que e se proporem a ajudar, também não posso deixar de agradecer.
É por causa desses gestos que sou uma eterna otimista em dizer que sim, esse mundo sempre teve jeito e sempre terá. Basta ter olhos e ouvidos para tudo ao seu redor.