Sob protestos e clamor por Justiça, as famílias das vítimas da maior chacina da história de São Paulo velaram e sepultaram ontem os 18 mortos nos cemitérios municipais de Osasco e Barueri. Os parentes das vítimas executadas por mascarados na noite de quinta cobraram as autoridades paulistas para que os assassinos sejam presos o quanto antes. A força-tarefa da Secretaria da Segurança Pública suspeita que policias militares foram responsáveis pela série de execuções.
"Precisam investigar. Ninguém sabe o que motivou essa guerra", afirmou o motorista Carlos Antonio de Oliveira, pai do ajudante de obra Igor Oliveira, de 19 anos, executado com tiros no rosto em um bar de Osasco. Ele estava em outro bar na hora, próximo do local onde o jovem foi assassinado.
Na noite do ataque, Oliveira ouviu os tiros, mas pensou tratar-se de armas de chumbinho. "Um vizinho avisou, corri lá e vi o corpo dele. Fui ver se dava para socorrer, mas tinha tomado um tiro no rosto", lamentou.
A doméstica Maria José de Lima Filho, de 49 anos, desejou a "morte" dos assassinos que executaram o filho dela, o adolescente Rodrigo Lima da Silva, 16. "Deus me perdoe pelo que eu vou dizer, mas eles têm de morrer do mesmo jeito que meu filho", afirmou. A mãe da vítima foi avisada por parentes sobre os disparos contra o jovem. "Vi meu filho deitado em uma poça de sangue e essa imagem não sai da minha cabeça."
Silva não estudava e fazia bicos como entregador em um mercado de Osasco. O jovem namorava a adolescente Larissa Silva de Jesus, de 14 anos, grávida de 3 meses. "Vou cuidar desse neto e dessa menina como se fossem meus filhos. Esse bebê vai ser um pedaço do Rodrigo." (AE)