A Justiça Federal abriu ação penal ontem contra o empresário Otávio Marques de Azevedo, presidente da Andrade Gutierrez e mais 12 investigados na Operação Lava Jato. A Procuradoria da República atribui ao empreiteiro e aos outros acusados os crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa. A decisão é do juiz federal Sérgio Moro.
É a primeira vez que Otávio de Azevedo vira réu em ação penal da Lava Jato. Na terça-feira passada, outro empreiteiro, Marcelo Bahia Odebrecht, também tornou-se réu pelos mesmo crimes atribuídos ao presidente da Andrade Gutierrez.
Neste processo contra Otávio de Azevedo, também são réus o doleiro Alberto Youssef, os executivos Antônio Pedro Campelo de Souza, Armando Furlan Júnior, Elton Negrão de Azevedo Júnior, Fernando Antônio Falcão Soares, Flávio Gomes Machado Filho, Lucélio Roberto Von Lehsten Goes, Mario Frederico Mendonça Goes, Otávio Marques de Azevedo, Paulo Roberto Costa, Paulo Roberto Dalmazzo, Pedro José Barusco Filho; e Renato de Souza Duque.
A Andrade Gutierrez informou que "está acompanhando a 16ª fase da Operação Lava Jato e destaca que sempre esteve à disposição da Justiça".
Defesa
"Não tenho conhecimento oficial sobre o tema. Se realmente essas visitas ocorreram, nada de estranho a princípio, uma vez que era atribuição do João Vaccari Neto, enquanto tesoureiro do PT, fazer visitas a pessoas físicas e jurídicas solicitando doações legais para o partido. E, quando essas doações ocorriam, eram depositadas na conta corrente do partido, contra recibo, que prestava contas às autoridades. Portanto, nada de irregular nessas visitas."
Em tempo
No rastro dos passos de João Vaccari Neto, a Polícia Federal descobriu que o ex-tesoureiro do PT fez pelo menos 17 visitas ao presidente da Andrade Gutierrez, empreiteira sob suspeita de ter integrado cartel para fraudes em licitações na Petrobras e na Eletronuclear. O levantamento da PF mostra que também foram recebidos pela cúpula da empreiteira outros protagonistas da Lava Jato - Rafael Ângulo Lopez, apontado como carregador de malas de dinheiro do doleiro Alberto Youssef, o lobista Fernando Falcão Soares, o Fernando Baiano - suposto operador de propinas do PMDB na Petrobras -, e o próprio Youssef, este ao menos dez vezes.