Além dos cantados e decantados males que trouxe à população, o golpe militar de 1964 teve também o nefasto condão de castrar lideranças. Sentindo-se ameaçados pela verbalização dos que traduziam em suas falas os anseios da sociedade, os truculentos senhores do poder cuidaram de calar, com prisões, torturas e mortes, aqueles poucos que ousavam se insurgir contra os desmandos de então. Assim, quando vencida tal fase negra da história nacional, minguaram-se os nomes que, anteriormente, em profusão, nasciam no campo político. Os "Lacerdas", "Juscelinos", Getulios", etc., tornaram-se nomes do passado ocupando lugar apenas nos escaninhos que o passado reservou aos grandes. Mas como o vazio, por tendência natural, é comumente ocupado, espertalhões, os mais diversos, de imediato, se fizeram de "salvadores da pátria", com isso, granjeando a confiança de massa ignara de eleitores. O "Xerife" Romeu Tuma, que com a estrela que o simbolizava se autoproclamava perseguidor de "bois nos pastos", é exemplo maior que se pode trazer para o texto. Também Lula, "o homem certo, no lugar certo", notabilizou-se, em época tão carente, pela verborragia manifestada em palanques de fábrica. E o que então se via, infelizmente, continua a se mostrar presente, com as vagas eleitorais sendo ocupadas, tantas vezes, por oficiais e delegados de polícia, cantores, artistas. Nesse contexto, mais um tenta tirar partido da situação. Segundo alardeou a imprensa, o falastrão Datena, célebre pelos desaforos que profere contra criminosos em programa televisivo, ao contrário do que sempre pregou, se diz tentado a experimentar os prazeres do poder. Escolado - embora sempre se dissesse avesso à política - acena com o lema comum, de só se candidatar se provarem a sua utilidade ao corpo social da capital, "o que ainda não aconteceu." Bobagem elaborada com o fito único de adiar a decisão antecipadamente tomada, com certeza se candidatara à prefeitura da megalópole. Mais um que veio para nada fazer.