Passada a pandemia e as restrições impostas por ela, comércios e empresas de Mogi das Cruzes se preparam para viver um momento de crescimento, ainda que modesto, nos próximos meses. Com cautela e o incentivo de entidades representativas e do Poder Público, os estabelecimentos se movimentam para seguir como referência no Alto Tietê e festejar os 463 anos da cidade com lucro e contratações.

De acordo com a Associação Comercial de Mogi das Cruzes (ACMC), o comércio mogiano vive uma fase de retomada, ainda que alguns fatores do cenário macroeconômico continuem impactando negativamente o setor, como os juros altos, incertezas do mercado, o endividamento da população e a Reforma Tributária, que aguarda aprovação.

 

Somente no primeiro semestre desse ano foram abertos 292 novos negócios na cidade. “Mogi é referência no setor comercial, que é um dos grandes motores econômicos e indutores do desenvolvimento. Para o segundo semestre, a Associação Comercial de Mogi espera bons resultados, principalmente, pelo Natal, a melhor data do calendário varejista”, explicou a presidente da entidade, Fádua Sleiman. 

 

O Sindicato do Comércio Varejista de Mogi das Cruzes e Região (Sincomércio), por sua vez, vê com cautela o momento econômico atual, já que o setor ainda sente as consequências da pandemia, que teve reflexos constatados até nas grandes marcas varejistas, como a Marisa, que fechou muitas de suas lojas, inclusive a unidade de Mogi.

 

“Os pequenos e médios lojistas não ficaram isentos e sofreram com os altos custos de produtos e do dinheiro. Os custos operacionais dos comércios subiram muito, mas eles não foram repassados aos clientes, sendo absorvidos pelo lojista, diminuindo o lucro real da empresa, impedindo o lojista a ter uma margem segura de investimento”, detalhou o presidente do sindicato, Valterli Martinez.

 

Endividamento

Ele também destacou a participação do endividamento das famílias nesse cenário. A dívida dos mogianos inscrita no Serviço Central de Proteção ao Crédito (SCPC), mantido pela ACMC em parceria com a Boa Vista, alcançou R$ 11.569.836,80 no primeiro semestre deste ano. O volume, apesar de alto, é 9% menor que o acumulado no mesmo período de 2022. 

Dados de junho mostram que 10.989 moradores de Mogi estão inadimplentes. Já o número de débitos alcança 13.057 registros - uma pessoa pode ter mais que uma dívida. No primeiro semestre de 2022, o saldo devedor estava em R$ 12.811.058,64 e 12.893 inadimplentes respondiam por 15.701 pendências.

Expectativas

Apesar dos fatores negativos e da cautela, o Sincomércio, assim como a Associação Comercial de Mogi, também vislumbra dias melhores para o setor e para comerciários, que são os trabalhadores do comércio. “Mesmo com as vendas complicadas em função dos problemas relatados, os funcionários tiveram seus benefícios mantidos e até os aumentos salariais dos pisos do comércio varejista foram superiores aos pisos salariais federais. Isso manteve a estabilidade do setor. Se não ocorrer nenhuma surpresa inesperada, o setor Varejista deve se manter estável. Os especialistas econômicos falam entre 2 a 5% de crescimento até o final de ano”, avaliou Martinez.