O Ministério da Saúde (MS) deve liberar em breve à população brasileira, via Sistema Único de Saúde (SUS), a vacina contra a dengue “Qdenga® - vacina dengue 1, 2, 3 e 4 (atenuada)”, produzida pela farmacêutica Takeda. A Organização Mundial de Saúde (OMS), por meio de seu Grupo Consultivo Estratégico de Peritos em Imunização (SAGE), também recomenda a vacina, sobretudo em regiões endêmicas.
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A presidente da Comissão de Imunização da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG), dra. Maísa Carla Kairalla, esclarece algumas dúvidas sobre o imunizante, levando em conta o que foi divulgado até o momento:
Qual é a eficácia do imunizante?
O imunizante apresentou eficácia de 80,2% em acompanhamento de 12 meses.
Para quem é indicada a vacina?
Qdenga® é indicado, conforme descrito em bula, para “a prevenção de dengue causada por qualquer sorotipo do vírus da dengue em indivíduos de 4 a 60 anos de idade e deve ser administrada em um esquema de duas doses, com intervalo de 3 meses (0 e 3 meses).
Na União Europeia (UE), Qdenga é indicada para a prevenção da dengue em indivíduos a partir dos quatro anos de idade e deve ser administrado por via subcutânea na dose de 0,5 mL em esquema de duas doses (0 e 3 meses), de acordo com regime de dosagem aprovado.
A utilização do Qdenga deve estar de acordo com as recomendações das agências regulatórias locais, conforme nota publicada no site da Takeda.
Há contraindicações?
Como o imunizante é feito com o vírus da doença atenuado, é contraindicada nos casos a seguir, conforme descrito em bula:
• Hipersensibilidade à substância ativa ou qualquer outro componente da vacina;
• Indivíduos com imunodeficiência congênita ou adquirida, incluindo aqueles em tratamento com imunossupressores tais como quimioterapia ou altas doses de corticosteroides sistêmicos (p. ex., 20 mg/dia ou 2 mg/kg/dia de prednisona por duas semanas ou mais) dentro de quatro semanas anteriores à vacinação, assim como ocorre com outras vacinas com vírus vivos atenuados.
• Indivíduos com infecção por HIV sintomática ou infecção por HIV assintomática quando acompanhada por evidência de função imunológica comprometida.
• Mulheres grávidas.
• Mulheres em período de amamentação
Fonte: Qdenga – bula profissional
Como será o esquema vacinal no Brasil?
Como há capacidade limitada de produção da vacina, o Ministério da Saúde informou em nota publicada em 22 de janeiro que, ao longo de 2024, a vacina será distribuída apenas à faixa etária de 10 a 14 anos de idade, residentes em áreas consideradas endêmicas e com população superior ou igual a 100 mil habitantes.
A perspectiva é de que as primeiras doses sejam distribuídas para aplicação a partir de fevereiro deste ano.
Segundo o MS, o grupo foi selecionado pois trata-se da “faixa etária que concentra o maior número de hospitalização por dengue, depois de pessoas idosas, grupo para o qual a vacina não foi liberada pela Anvisa.
Por que idosos não são elegíveis à vacinação?
Ainda não há dados provenientes de pesquisas clínicas com a população de idosos, portanto, não é possível determinar a eficácia ou segurança do imunizante para esta parcela da população.
Entretanto, na União Europeia, a indicação aprovada pela EMA é para indivíduos a partir de 4 anos de idade, sem restrição etária máxima.
Como idosos são considerados grupo de risco aos agravos decorrentes do vírus da dengue, a expectativa é que em breve haja dados referentes 60+ que permitam que sejam incluídos como elegíveis ao imunizante.
Assim, no Brasil, o uso por idosos, caso recomendado por um médico, seria considerado o que chamamos de “off label”.
Como idosos podem se prevenir contra a dengue?
Idosos, bem como toda a comunidade, devem evitar acúmulo de água parada em locais como vasos de plantas, pneus e caixas d'água.
O uso de repelentes é essencial. E, caso haja alguma pessoa picada pelo mosquito da dengue ou com suspeita de ter sido infectado, é fundamental identificar o foco do mosquito e eliminá-lo imediatamente.
Há outros imunizantes contra dengue aprovados?
No Brasil, além do Qdenga, há o Dengvaxia© (Sanofi), porém, o imunizante é indicado apenas àqueles que já tiveram dengue anteriormente e para a faixa etária dos 9 até 45 anos.
Como está o cenário da dengue atualmente no Brasil?
A incidência global da dengue aumentou acentuadamente nas últimas duas décadas, conforme dados apresentados pela Organização Mundial da Saúde (OMS). De 2000 a 2019, o aumento de casos foi de 10 vezes mais, aumentando de 500.000 para 5,2 milhões.
De acordo com a OMS, a dengue é uma questão de saúde pública. A transmissão da dengue é cíclica e podem ser esperados grandes surtos a cada 3-4 anos. O último pico registrado foi em 2019.
Referências:
Qdenga (Vacina dengue 1, 2, 3 e 4 atenuada): novo registro (Ministério da Saúde)
https://www.gov.br/anvisa/pt-br/assuntos/medicamentos/novos-medicamentos-e-indicacoes/qdengavacina-dengue-1-2-3-e-4-atenuada-novo-registro
EU RISK MANAGEMENT PLAN (RMP) for Dengue Tetravalent Vaccine (Live, Attenuated)
https://www.ema.europa.eu/en/documents/rmp-summary/qdenga-epar-risk-management-plan_en.pdf
Qdenga - Bula Profissional de saúde (Takeda)
https://assets-dam.takeda.com/image/upload/v1688371996/legacy-dotcom/siteassets/ptbr/home/what-we-do/produtos/Qdenga_Bula_Profissional.pdf
Message by the Director of the Department of Immunization, Vaccines and Biologicals at WHO -
September 2023
https://www.who.int/news/item/05-10-2023-message-by-the-director-of-the-department-ofimmunization--vaccines-and-biologicals-at-who---september-2023
Nota Técnica Conjunta SBIm/SBI/SBMT - 03/07/2023
https://sbim.org.br/images/files/notas-tecnicas/nota-tecnica-sbim-sbi-sbmt-qdenga-v4.pdf