É virtualmente impossível se manter alheio ao conflito na Ucrânia, iniciado há mais de uma semana - nos noticiários de todos os canais, nos programas de varieadades, nas redes sociais, nas conversas de ponto de ônibus e no subconsciente coletivo, entre pesadelos de que a incursão do exército russo pode ser o "prólogo" de um conflito de proporções jamais imaginadas, aos moldes da Guerra Civil Espanhola em 1936 e da Segunda Guerra Sino-Japonesa,em 1937.

Nesta guerra da Geração Z, com redes sociais compartilhando relatos cruéis, nos deparamos mais uma vez com a tentativa de capitalização de um evento mundial por atores políticos regionais.

Viralizam imagens e vídeos de prefeitos e deputados ucranianos no Instagram com fuzis e coletes balísticos; o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky usando meios não convencionais para convencer ao mundo que ainda está no controle. E até mesmo um insuspeito e folclórico deputado estadual que, por falta de melhores pautas para se promover no período pré-eleitoral, viajou para o leste europeu, onde alega produzir bombas incendiárias para civis desesperados em uma zona de guerra, sem comprovação.

Todos devem entender as escolhas e ações dos políticos da Ucrânia, que lidam com a situação que lhes é imposta da maneira que podem. No entanto, é fundamental que não se busque a romantização de uma resposta armada, como sendo a única opção para um representante do povo. A separação entre liderança civil e militar não é apenas uma das características do estado democrático de direito, mas atende a tratados internacionais.

O amor de um político eleito à morte sobre como ele abraça a ideia de uma guerra convencional que pode levar a consequências imprevisíveis - desde o agravamento de uma crise econômica ao holocausto nuclear - é um sinal de alerta para toda e qualquer pessoa com um mínimo de consciência. Não há glamour, romantismo ou idealismo que justifique qualquer tentativa de ganho político com uma guerra que não atinge o próprio povo. Independentemente de que lado seja tomado neste conflito.