O Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência, celebrado neste domingo (21), é marcado por reflexões sobre os avanços na inclusão e os desafios ainda enfrentados por pessoas com deficiência. Representantes de entidades de Mogi das Cruzes ressaltam que os progressos conquistados nos últimos anos resultam de décadas de luta por visibilidade, autonomia e direitos. Na cidade, eventos especiais serão realizados ao longo do mês.

A data integra o calendário do Setembro Verde — campanha dedicada a promover o diálogo sobre acessibilidade e inclusão. Para Rogério Rodrigues, o Rogerinho R9, gestor e atleta do Corinthians Mogi, destaque no Futebol de Amputados, trata-se de um lembrete da importância da inclusão, do respeito e da igualdade de oportunidades para todos. "É um dia para dar visibilidade às conquistas e também aos desafios que ainda precisam ser vencidos. Todos nós temos o dever de construir uma sociedade mais acessível, onde cada pessoa, com ou sem deficiência, possa viver com dignidade e autonomia. Respeito, empatia e inclusão sempre”, afirma.

Rogerinho, que é natural de Mogi e nasceu com má formação congênita e sem a perna esquerda, encontrou no esporte a motivação para se destacar, tornando-se um dos principais atletas da modalidade. Para ele, muitas pessoas ainda não acompanham os avanços da inclusão dos últimos anos e o destaque cada vez maior conquistado pela causa. 

Maior artilheiro do futebol de amputados, o atleta diz ver mais avanços nos últimos anos: "Hoje se fala mais sobre acessibilidade, inclusão no mercado de trabalho, no esporte, na educação. Só que ainda é pouco. A inclusão de verdade só vai acontecer quando todos entenderem que as pessoas com deficiência não precisam de pena, precisam de respeito, oportunidades e direitos garantidos. Para ampliar, é preciso continuar falando, educando, cobrando políticas públicas e dando visibilidade pra essas pessoas". 

O atleta também detalha o projeto de inclusão que desenvolve no Corinthians Mogi, enfatizando o impacto social do esporte. “Já são 16 anos de história com o Instituto Rogerinho R9, levando inclusão, oportunidade e dignidade através do esporte. Nosso trabalho vai muito além das quatro linhas. O esporte é uma ferramenta poderosa de transformação social, e usamos isso pra alcançar crianças, jovens e também pessoas com deficiência", pontua. "No Corinthians Mogi, esse trabalho continua firme, com um projeto esportivo-social forte, que dá espaço pra todos, sem distinção", ressalta. 

Apae no Setembro Verde 

Para Ana Paula Nagaroto, diretora pedagógica da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) de Mogi das Cruzes, a data traz reflexões para romper qualquer tipo de barreiras. "Esse dia é bastante importante, principalmente para o movimento apaeano. É um dia Nacional, mas o Setembro Verde começou por uma unidade da Apae, há 10 anos”, conta. 

Ela destaca que a Apae realiza diversas ações durante todo o mês para promover a inclusão e combater preconceitos. "A pessoa com deficiência ainda enfrenta diversos tipos de barreiras, tem a barreira da acessibilidade, como na questão arquitetônica, tem as legislações e tem as barreiras atitudinais – são aquelas questões que são das atitudes das pessoas, essas questões que a gente tem que trabalhar”, explica.

As barreiras atitudinais, segundo Ana Paula, envolvem preconceitos, estigmas e comportamentos negativos que dificultam a participação plena de pessoas com deficiência. “Nesse mês todo a gente promove atividades que levam as pessoas a refletir para minimizar esse tipo de barreira, temos que mudar as atitudes dessas”, completa.

Entre os destaques do mês, a participação no desfile cívico em comemoração ao aniversário de Mogi, no dia 1 de setembro, e a a moção de aplausos na Câmara, aprovada na semana passada, em homenagem aos quatro alunos que competiram na XXI Olimpíadas Estaduais das Apaes, realizadas em Votuporanga. O momento no Legislativo contou com a presença do presidente da Apae, Dr. Paulo Siqueira Toledo Júnior, representantes da entidade e os estudantes homenageados. Também neste mês, três educandos do programa Socioeducacional (Mercado de Trabalho) visitaram a empresa Rinnai.

Representantes da Apae ainda participaram da abertura do Setembro Verde 10 Anos, no Memorial da América Latina, em São Paulo, no último dia 11, com apresentações culturais e palestra. A programação segue com atividades nas aulas, interações com colégios locais e termina com um interclasse de futebol e visita da Apae de Arujá, celebrando convivência e inclusão. 

Ana Paula afirma que houve progressos significativos na área. “A inclusão evolui. Já tivemos muitos ganhos, muita coisa precisa ser feita, mas muitos passos já foram dados. Hoje a pessoa com deficiência é protagonista de suas ações. Isso ajuda cada vez mais a buscarem os seus direitos. Existem muitas leis que asseguram, mas, mesmo assim, a pessoa com deficiência ainda tem que lutar por aquilo que é o direito dela”, observa.

Empregabilidade no Tradef

Susana Miranda Rocha, presidente da organização social Trabalho de Apoio a Deficientes (Tradef), com sede no Alto da Boa Vista, em Mogi, reforça que a data celebrada neste domingo (21) serve para dar visibilidade e mostrar o protagonismo das pessoas com deficiência. “Essa luta é uma luta da família, das entidades, fica mais visível com essa data. A pessoa com deficiência não está isolada, está na sociedade, pode ser bem inclusiva no mercado de trabalho. Acho muito importante para que a sociedade debata”, diz.

No Tradef, o foco é preparar as pessoas com deficiência para o mercado de trabalho. “Ensinamos como se portar em uma empresa, fazer currículo, os assistidos são preparados para a gente encaminhar para o mercado de trabalho. Atendemos hoje 80 pessoas com deficiência e suas famílias", detalha Susana.

Ela também menciona outras atividades promovidas ao longo do ano, como esportes adaptados, ioga, cursos de artesanato e oficinas de pintura de unha, além de celebrações e passeios, com apoio de voluntários. “O ano todo trabalhamos com as pessoas, principalmente com a inclusão. A questão da visibilidade melhorou muito. Após muita luta, hoje em dia essas pessoas em dia são vistas como iguais, como de fato tem que ser, se estão no mercado de trabalho, adquirindo sua própria autonomia”, avalia.

Galeria

Foto 1 - Rogerinho R9 aponta caminhos para superar preconceitos

Foto 2 - Susana Miranda Rocha, presidente da Tradef, fala da conquista de direitos 

Foto 3 - Diretora Pedagógica Apae de Mogi, Ana Paula Nagaroto, destaca 10 anos do Setembro Verde