O maior problema para o aumento de casos da Covid-19 é, sem dúvida, a pouca colaboração da população que, por sua vez, sofre influência da falta de campanhas mais rígidas por parte dos governos. Outro obstáculo é a falha fiscalização, que não dá conta de fazer o serviço da maneira ideal.
A decisão do toque de recolher entre 23 e 5 horas é, no mínimo, estranha, pois trata-se de um horário em que a mobilidade já é naturalmente reduzida. Talvez seja possível evitar algumas aglomerações, mas a medida realmente trará resultados? O período da restrição imposto ontem no Estado de São Paulo vai interferir em atividades que oferecem grande risco? Se o lockdown ocorresse, por exemplo, a partir das 19 horas, faria mais sentido, pois nesse período há um maior fluxo de pessoas que desrespeitam as medidas restritivas.
Se temos que efetivar um toque de recolher, que seja bem feito. Pela característica da Covid-19, é preciso aceitar que bares e restaurantes apresentem alto risco, pois são onde o distanciamento é pouco respeitado e há aglomeração e vozes em alto volume. Um prato cheio para a contaminação. Temos o maior número de internados no Estado de São Paulo desde o início da pandemia do coronavírus - 6 mil pessoas - o que aponta que as medidas de proteção ainda não foram implementadas com sucesso. Se já não bastasse o mau comportamento humano diante da situação, vemos estratégias como a abertura das escolas. Representantes do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp) no Alto Tietê vêm alertando para a falta de estrutura, além das primeiras contaminações já confirmadas.
O pensamento da Apeoesp é tão básico quanto lógico: o retorno das aulas aumenta a mobilidade de pessoas nas ruas e transporte, tudo que não é recomendável neste momento. É como um teatro da higiene. Disponibilizar álcool em gel e aferição da temperatura não bastam. É necessário um ambiente propício, com distanciamento e ventilação.
Esperamos pelo fim da pandemia, mas com tantas falhas no planejamento do Estado e falta de colaboração das pessoas está difícil.