O homem viveu até agora pela vontade e pelo tempo, e pode-se constatar que vontade e tempo não operaram mudança significativa no homem, pelo fato de gerarem a um só tempo esperança e medo.
Assim, neste momento, mais do que nunca oscilamos entre esperança e medo. Esperança: como a alegria inconstante nascida da ideia de coisa futura ou passada de cujo desenlace se duvida, em certa medida. Medo: como tristeza inconstante nascida da ideia de coisa passada ou futura de cujo desenlace se duvida, em certa medida. Dessas definições se infere que não há esperança sem medo e vice-versa. Aquele cativo da esperança, duvida do possível desenlace e teme, enquanto espera. O que está preso ao medo, duvida do que possa acontecer e espera, enquanto teme.
Então, como formar pessoas fortes que não se desesperem diante dos piores horrores? Nem se exaltem diante de qualquer tolice? Que atentem ao pretérito e perspectivem o porvir, mas não descuidem do tempo presente? Como se percebe estas frases têm história. Sucessivas vagas de narradores, diferentes formas e sentidos permitem que se possa invocar trazendo ou não, a reboque: pessimismo da razão e otimismo da vontade?
Como se vê, com isso cria-se uma dialética viva entre o homem-coletivo e o autogoverno do indivíduo buscado na acepção sobre o ente-espécie, e a ideia maior, do ser-genérico. Uma vontade férrea, programada consubstancialmente otimista, há-de nascer do seio do fértil solo de sóbria reflexão das tendências coletivas que constituem o real.
Mas o pessimismo não deitaria suas raízes na concepção negativa, de pressuposta "natureza humana"? Por isso o pessimismo implicaria certa cautela, na análise da situação e da relação de forças. Com o otimismo, na contrapartida. E é essa a parte que não se pode esquecer; sem qualquer restrição. Este, não se verga à realidade efetiva das coisas, tal como são, no entanto, age sobre elas, para transformá-las. Nada, nem nenhuma mudança, deve parecer impossível. Se otimistas são tolos, pessimistas, não deixam de ser chatos. Bom mesmo é ser esperançoso realista.