O ator Paulo Betti, reconhecido por sua carreira de 50 anos com grandes papéis no teatro, cinema e na TV, esteve nesta semana na região com o projeto De Carona com a Cultura. Nas cidades de Suzano, na segunda-feira (1) e em Itaquaquecetuba, nesta terça (2), ele, que tem 72 anos, promoveu um workshop falando sobre sua carreira e o trabalho artístico e apresentou a peça “Autobiografia Autorizada”, com baseada em momentos de sua infância e adolescência no interior de São Paulo, especialmente na cidade de Sorocaba. Todas as atividades foram gratuitas e sem custo para as prefeituras.
Em entrevista especial ao Grupo Mogi News, Betti falou sobre o espetáculo que já está em cartaz há dez anos e vem passando por mudanças ao longo do tempo. “Com parcimônia, eu vou fazendo pequenas alterações, muito gradualmente. Às vezes eu volto coisas que já saíram, e venho para a cena de novo. Às vezes aparecem coisas novas, que eu incluo. Há uma constância, existe uma base, um texto que é seguido por causa, inclusive, das projeções, dos efeitos de som, dos efeitos visuais. Tem coisas que são, vamos dizer assim, que permanecem”, contou.
A peça, segundo o ator, é uma exposição de um período de sua vida: “Então, os temas abordados estão relacionados com a infância e com a adolescência. Às vezes é sofrido, é dolorido rever, revisitar certos momentos, mas não é muito polêmico. Talvez esse polêmico eu estou deixando para um segundo espetáculo”.
Workshop
Além do espetáculo, Betti, que é formado pela Escola de Arte Dramática da USP e ajudou a montar o curso de teatro na Unicamp, promoveu workshops nas duas cidades da região para estudantes e profissionais das artes cênicas e do audiovisual. “Eu sempre tive muita ligação com o ensino. O workshop faz um pouco parte do projeto, sempre fez”, disse.
O ator também destacou a importância da troca com outras gerações: “Eu acho fundamental. O Teatro Popular do Sesi, no final dos anos 60, eles viajavam com peças e havia sempre oportunidade de encontro entre os atores profissionais e os interessados da região. E eu me favoreci disso. Quer dizer, eu pude chegar próximo de atores profissionais e é o que eu faço aqui. Então, é uma troca com alguém que tem um pouco mais de experiência”. Com a equipe do Sesi, ele também pode ter contato com profissionais da iluminação, cenografia e figurino.
Velhice
Aos 72 anos, 50 deles dedicados a dramaturgia, Betti afirmou que esse é o momento de aprender e também tentar passar seu conhecimento e experiência para os mais jovens. “Eu acho que a gente não dá para ficar achando que está tudo bem. Eu sempre tive a ideia de que eu podia, de uma certa maneira, ajudar as coisas a se modificarem. Então, eu continuo acreditando, nessa altura do campeonato, que a vida presta. E na medida que a gente faz a vida prestar, ela presta”, disse.
O ator também salientou que se mantém ativo e procura viver da melhor maneira possível. “Acho que tenho que me envolver, tenho que fazer coisas, tentar passar alguma coisa. (5:03) Não é proselitismo político. Se a vida vale a pena viver, então vale a pena viver da melhor maneira possível e vale a pena, de uma certa maneira, sonhar, com a perspectiva de alguma mudança”, concluiu.