A fragilidade mostrada pelo setor educacional no Brasil não é uma característica revelada apenas neste ano. Há tempos, um dos mais importantes pilares dos governos desenvolvimentistas, como na elite europeia, por exemplo, é tratado no país da pior maneira possível, com medidas sem planejamento e cortes aleatórios de verbas. O que já era ruim ficou ainda pior neste ano, sob efeito da mão pesada da pandemia do coronavírus, que deixou a Educação brasileira em frangalhos, numa demonstração patente de falta de rumo e de uma perspectiva positiva.
Apesar desta constatação sombria, há lampejos de euforia que pipocam vez ou outra no grande caldeirão da Educação. Um deles é o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), instrumento da União responsável por avaliar a qualidade e o avanço do sistema de ensino no país com referência no 1° ao 5° anos das redes básicas municipais e do Estado. De acordo com os dados divulgados na semana passada, com base em números de 2019, a maioria das cidades do Alto Tietê alcançou a meta estabelecida para o período.
Na lista figuram Arujá, Guararema, Mogi das Cruzes, Poá, Santa Isabel e Suzano, que tiveram médias próximas a 7,0. Por outro lado, Biritiba Mirim (5,9) e Itaquaquecetuba (5,6) ficaram no oposto. A região, no todo, estava avançando no Ideb, mas a pandemia inviabilizou qualquer possibilidade de avaliação para 2021, afinal foram mais de seis meses com as crianças fora das salas de aula. Não há instrumento científico capaz de estabelecer padrões lógicos de comparação.
A pandemia também escancarou a imensidão estrutural entre o ensino público e o privado no Brasil. A questão do ensino a distância foi o ponto nevrálgico do debate. As escolas particulares utilizaram a modalidade de forma mais eficiente, mantendo o motor propulsor do aprendizado educacional em funcionamento. Mas as unidades públicas travaram verdadeiras batalhas para oferecer aulas e atividades extra sala a um grupo de estudantes com parcas condições tecnológicas para garantir o mínimo aproveitamento. Neste ano, pouco poderá ser feito para se melhorar o setor. Mas é preciso, com urgência, um planejamento sério, a longo prazo e de intensidade profunda.