O tema de hoje foi sugerido por meu velho amigo Eduardo Benzatti. O Edu é professor, antropólogo e psicanalista também estudou na Escola de Sociologia e Política na mesma época que eu. A sugestão foi feita numa postagem no Facebook que abordava uma transmissão do presidente com um pedido um tanto esdrúxulo. Bolsonaro pediu "compreensão e patriotismo do mercado no caso de superação do teto de gastos". "O mercado tem que dar um tempinho também. Um pouquinho de patriotismo não faz mal a eles", disse.
Por que não faz nenhum sentido pedir isso ao mercado? Porque o mercado deve ser entendido como um espaço no qual operam as forças da oferta e demanda, através de pessoas que vendem e compram produtos e serviços.
Economia de Mercado é um sistema em que a economia é controlada por agentes econômicos de iniciativa privada, onde a maior parte das empresas é privada e são as próprias empresas que definem seu funcionamento e a sua estratégia financeira. Esse modelo tem como base os princípios do liberalismo econômico: propriedade privada, liberdade de comércio e produção, livre concorrência.
O discurso repetido pelos liberais afirma que, para regular a economia, não há necessidade de intervenção do Estado, pois o mercado se autorregula. Tal regulação acontece com base nos princípios da livre concorrência e da lei da oferta e da procura. No entanto, tais princípios não prosperam em um mundo tão globalizado, onde se consolida o processo de oligopolização da economia.
Ora, a partir da lógica do mercado, não é muito animador depender da "compreensão e do patriotismo" dos agentes que nele atuam, principalmente em se tratando do nível de globalização atingido pelo mundo e com um mercado dominado por oligopólios.
Até porque o histórico das ações das empresas brasileiras ou aquelas que aqui atuam não é boa referência. Parte delas sonega imposto, burla as normas trabalhistas, não demonstra zelo pelo meio ambiente, corrompe os agentes públicos, sem contar outras práticas absurdas que, volta e meia, aparecem na imprensa.