Ao anunciar ontem o Plano São Paulo, um novo formato de quarentena em função do controle do avanço do coronavírus a partir de 1º de junho, que prevê a retomada gradativa da economia, o governo do Estado deixou uma questão em aberto, de real interesse das cidades do Alto Tietê. O modelo de isolamento social a ser implantado estabelece cinco etapas distintas e graduais a serem cumpridas. Conforme o documento divulgado pelo governador João Doria (PSDB), as cinco fases do programa vão do "nível máximo de restrição de atividades não essenciais (vermelho) a etapas identificadas como controle (laranja), flexibilização (amarelo), abertura parcial (verde) e normal controlado (azul)".
Para definir a classificação de cada um dos 645 municípios de São Paulo, foram considerados os índices de ocupação hospitalar e de evolução de casos em 17 regiões do Estado, que definiram os "cinco níveis restritivos de retomada produtiva, segundo critérios médicos e epidemiológicos para que o sistema de saúde continue em pleno funcionamento". Sendo assim, o posicionamento da Grande São Paulo, que inclui o Alto Tietê, foi no nível mais crítico, o vermelho, é lógico. Afinal, a ocupação de leitos de UTI na região gira em torno de 80% e a taxa de letalidade está próxima de 10%.
Porém, seguindo os mesmos critérios, o governo colocou a capital paulista, cujos índices de ocupação de leitos e de confirmação de casos de Covid-19 são proporcionalmente semelhantes aos do Alto Tietê, no segundo grupo, o laranja, que flexibiliza a abertura, por exemplo, de atividades imobiliárias, concessionárias de veículos, comércio e shoppings centers com restrições. A questão é por que capital e Alto Tietê, que possuem números muito próximos, foram separados em grupos diferentes?
No final da tarde de ontem, reunidos, os prefeitos do Consórcio de Desenvolvimento dos Municípios do Alto Tietê (Condemat) buscavam uma resposta para a decisão do Estado. Caso não tenham um posicionamento claro e plausível, só há a possibilidade de interesses políticos, que teriam exercido influência para criar duas soluções para o mesmo problema. Senhor governador, cabem explicações.