Apesar de ainda não ter apresentado o resultado esperado em termos de redução de movimento de pessoas, o rodízio mais rigoroso de veículos iniciado na segunda-feira na capital paulista vai trazer, em contrapartida, reflexos diretos para o Alto Tietê. A conta é simples: como boa parte dos moradores da região trabalha em São Paulo e terá de ficar, teoricamente, em casa, é de se esperar que o trânsito de pessoas nas cidades vai aumentar. Ao deixar de se dirigir à capital, muita gente tende a realizar as pequenas saídas furtivas dentro do próprio município.
Com a limitação para o uso do carro particular, muitas pessoas tiveram de recorrer ao transporte público. Somente no primeiro dia do rodízio, a Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) avaliou em 15% o aumento na quantidade de passageiros na ferrovia. No Metrô, em São Paulo, o crescimento de usuários ficou em torno de 11%. Os índices são relativamente pequenos, mas têm volume suficiente para provocar congestionamentos de pessoas em algumas estações mais estratégicas. Resultado: todo o esforço para ganhar frente pelo isolamento social caiu por terra.
Por conta dessa contradição nos resultados, o rodízio está sendo duramente criticado por especialistas em trânsito. Tirar os carros de circulação não significa reduzir o número de pessoas, que terão de procurar outra alternativa. Então, é natural a sobrecarga do transporte público e a quebra das regras de distanciamento mínimo entre as pessoas. A Prefeitura de São Paulo assegurou o aumento da frota de ônibus, o que só comprova o crescimento do volume de usuários. Há, inclusive, ações correndo no Ministério Público para a suspensão imediata do rodízio, o que pode ocorrer a qualquer momento.
É um pouco cedo para afirmar que o rodízio trará benefícios para contribuir nas taxas de isolamento social, mas, com certeza, deve transformar a rotina nas cidades da região. Com o comércio não essencial funcionando parcialmente, a tendência é de que as pessoas continuem saindo de casa. Em resumo: as restrições podem até funcionar para São Paulo, mas podem ter efeito contrário na Região Metropolitana e interior.