Nas relações profissionais, sociais e até mesmo pessoais, somos cobrados para exercer os nossos diferentes papéis com seriedade e perfeição. Ninguém é, por sua vez, perfeito, no entanto, tenta-se gerenciar as responsabilidades para que elas não saiam do controle, e prejudiquem quem está à nossa volta. Gerenciamento, aliás, foi algo que não ocorreu com o Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais (Inep) durante a correção do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), que, devido a falhas, quase roubou os sonhos de muitos jovens.
O assunto foi evidenciado na última semana, mas continua repercutindo. Afinal, quando se fala em educação, falhas se tornaram recorrentes, justamente, num segmento, em que, embora se diga que é "errando que se aprende", não é o que tem sido observado com relação à equipe do Ministério da Educação. O fato é que o erro na correção das provas afetou 0,15% dos 3,9 milhões de estudantes que prestaram o exame em novembro. Esse número corresponde a 5.974 prejudicados, uma parcela pequena, em vista do todo, mas significativa, por se tratar da primeira falha numa avaliação considerada a mais importante entre os educandos.
Para muitos, o Enem representa a esperança do ingresso na universidade por meio de bolsas. Elas são disponibilizadas pelo Sistema de Seleção Unificada (Sisu), plataforma informatizada na qual instituições públicas de Ensino Superior oferecem vagas para candidatos participantes da avaliação nacional. Aqueles que conquistarem a melhor classificação são selecionados. Disputadíssimas, elas, muitas vezes, oferecem aos jovens a oportunidade de seguirem novos rumos. No entanto, tal perspectiva também foi ameaçada, pois, devido às irregularidades, muitos correram o risco de não conseguir se cadastrar.
A plataforma prorrogou o prazo até hoje, para que, após a divulgação das novas notas do Enem, todos pudessem entrar na disputa. O fato é que, assim como estes jovens, que têm se esforçado para construir sua trajetória por meio da educação, o órgão que o representa deveria fazer o mesmo, a começar pela reconquista da sua história, que está carente de credibilidade.