Em 2008, a ocupação territorial e busca da confiança da comunidade foram, acertadamente as posturas do governo do Estado do Rio de Janeiro, quando, por meio da Policia Militar, criou as Unidades de Polícia Pacificadora(UPP), pequenas organizações policiais instaladas em locais estratégicos nos morros, até então dominados por criminosos do tráfico de drogas.
Comunidades formadas, em sua grande maioria, por pessoas trabalhadoras e que, até então, viviam duas realidades: de um lado, a do local onde trabalham, determinada pela existência do poder público, garantidores dos direitos do cidadão. De outro, já em suas casas, a regida pelos criminosos, os quais invadiam suas casas e tomam os seus bens. Foi uma ação que trouxe grande alento aos moradores, chegando a despertar naqueles, outrora intimidados pelos criminosos, o sentimento de colaborar com o poder público.
Até 2018, 38 UPPs foram instaladas, alguns utilizando "conteiners" como estrutura provisória para acolhimento dos policiais. Os criminosos buscam locais apropriados para se instalar, sendo as comunidades os ambientes ideais, pois constituídas por estreitas e íngremes vielas, favorecem as ações dos traficantes em dificultar o acesso de agentes do poder público, principalmente a das forças polícias. Necessário, então, foi a ocupação territorial de forma a retirar os seres nocivos e, dessa forma, abrir caminho para as demais políticas públicas.
Passaram-se mais de dez anos, os "conteiners" continuaram e as ações governamentais decorrentes não vieram. Com isso, os criminosos se sentiram mais seguros em retornar, policiais perderam suas vidas e os moradores colaboradores suas esperanças.
Com os números reduzidos e funcionamento precário, a atual administração busca retomar as UPPs, que esperamos não seja apenas política de governo, mas sim de estado, devendo haver, portanto, um gradativo e constante avanço nas ações estruturantes decorrentes, a serem implementadas de médio a longo prazo.