As estatísticas nacionais relativas aos candidatos do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) deste ano, que começa amanhã, trazem alguns números que devem ser analisados com um pouco mais de atenção. O indicador mais delicado é a queda, a partir de 2016, do volume de participantes. Naquele ano, de acordo com o relatório divulgado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), órgão do Ministério da Educação (MEC) responsável pela avaliação, foram 8.627.371 concorrentes no país, quantidade que caiu para 5.095.308 em 2019, o que representa uma redução de 41% em apenas quatro anos.
No Alto Tietê, conforme dados comparativos publicados na quinta-feira, a redução é de 15,3% somente do ano passado para este: 40.412 em 2018 e 34.215 no atual período. Na análise do professor Renato Lemes Junior, ouvido ontem pela reportagem, a explicação mais sensata recai na distância proporcional dos candidatos que efetivamente realizam a prova, ou seja, havia nos anos anteriores um contingente de pessoas que apenas fazia a inscrição, sem comparecer no dia da avaliação.
O argumento é plausível e leva a uma constatação: a obrigatoriedade da participação no Enem como porta de entrada para o Ensino Superior não cumpre o seu objetivo. Os números em retração contínua apenas comprovam o esvaziamento das universidades, indicador de que os caminhos para a profissionalização foram interrompidos por atalhos. Neste percurso mais rápido estão abrigados as graduações tecnológicas e os cursos a distância.
Para um país em franco crescimento populacional e que pretende avançar no campo da Educação, os números deveriam seguir no sentido inverso. A prova do Enem dá um referencial bem definido das pretensões dos jovens no Brasil. Ao que tudo indica, as carreiras acadêmicas já não agradam os estudantes, que estão buscando alternativas mais imediatas de profissionalização. É preciso repensar o setor como um todo. Aprendizagem, trabalho e desenvolvimento devem funcionar de maneira integrada e crescente. Só assim, os números voltarão a crescer.