Nas últimas duas décadas, o tema da juventude ganhou projeção e complexidade no espaço público brasileiro. Embora a concepção dos jovens como um problema social permaneça forte, outra percepção vem se delineando: cresce o reconhecimento de que a juventude vai além da adolescência e de que as ações e projetos a ela dirigidos exigem novos métodos e conteúdos.
É inegável que nosso país vive um processo de envelhecimento da população. Mas ainda podemos dizer que o Brasil é um país com muitos jovens. Quase 30% da nossa população têm até dezoito anos. É esta faixa que mais sofre com problemas como pobreza, assassinatos e abuso sexual. É o que nos mostra o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) em um de seus últimos relatórios "Situação da Adolescência Brasileira".
Aproximadamente 20% dos jovens brasileiros não estudam nem trabalham. Por isso estão muito mais expostos ao álcool, droga e transgressão de normas. Consequentemente estão também mais expostos ao universo da violência. O resultado desta tragédia se reflete na distribuição da população brasileira quando se considera sexo e idade. Nascem mais homens do que mulheres no Brasil. Mas a predominância da população masculina começa a perder força a partir dos 15 anos, justamente quando a violência mais tira a vida dos nossos jovens.
Em 2006 a Organização dos Estados Ibero-Americanos (OIE) apresentou um estudo sobre a mortalidade de jovens no país e fez recomendações para ações públicas e privadas para combater as mortes de jovens. Mais de 70% dos jovens que morrem por mortes violentas são do sexo masculino, negros e que vivem nas periferias das cidades.
Quase nada foi feito de lá para cá. Carecemos de políticas públicas consistentes e articuladas para inverter tal lógica. Se quisermos fazer do Brasil um país sustentavelmente desenvolvido, vencer tal desafio, com planejamento estratégico, é condição sine qua non.