A denúncia do próprio prefeito Marcus Melo (PSDB) contra um funcionário do setor de Recursos Humanos da Prefeitura de Mogi das Cruzes, que teria desviado dinheiro do Executivo municipal, mostra que o poder público ainda pode ser pautado pelo cuidado com o Orçamento das cidades, abastecido pelo bolso da população.
A história veio à tona na tarde de anteontem, quando o tucano veiculou um vídeo nas redes sociais divulgando a ação do servidor e que o Ministério Público teria sido acionado para investigar o caso. Ontem mesmo, após reunir algumas provas, o MP pediu à Justiça a prisão preventiva do acusado, o que já ocorreu.
O que chama a atenção nesse caso não é nem a prática de peculato, crime cometido por funcionário público contra a administração pública. Este delito, constante em todo o Brasil, infelizmente, acabou acostumando a população com esta modalidade. Mas o que deve ser ressaltado é que raramente a própria administração denuncia um servidor. Na maioria das vezes, o poder público tenta disfarçar os erros cometidos de seus subordinados.
De acordo com a Prefeitura de Mogi, o valor desviado pelo servidor chega a
R$ 1,04 milhão. O modus operandi do funcionário consistia em alterar os dados do sistema da folha de pagamento para que realizasse um depósito maior que seu salário, entretanto, nos dados oficiais, enviado inclusive ao Portal Transparência, aparecia o valor real dos vencimentos.
O malabarismo do profissional ainda está sendo investigado para verificar se havia mais pessoas envolvidas no desvio de verba pública, embora a própria administração municipal duvide da participação de outros funcionários. Ainda assim, essa ação deve ser melhor investigada para não deixar pontos sem nós.
Se a preocupação for mantida e exercida por outros prefeitos e demais esferas de governo, o Brasil poderá olhar os cofres públicos com mais cuidado, afinal, como dizia a ex-primeira ministra do Reino Unido entre os anos 1979 e 1990, Margaret Thatcher (1925-2013), "não existe essa coisa de dinheiro público, existe apenas o dinheiro dos pagadores de impostos".