A revitalização do centro de Mogi das Cruzes passa necessariamente pela construção de obras públicas e pelo aproveitamento de vários prédios antigos. Em alguns casos, são construções do início do século passado, com linhas arrojadas para a arquitetura da época, mas que atualmente denotam pouca praticidade. Mesmo belos e com tradição em uma cidade com mais de 450 anos de existência, não têm funcionalidade para os dias atuais.
Surge, então, um dilema: derrubar totalmente a edificação e partir para uma nova construção, aproveitando apenas o benefício da localização privilegiada do terreno, ou adaptar os prédios para uso específico, preservando suas características arquitetônicas. A segunda alternativa traz o desafio de encontrar soluções exigidas pelas obras modernas, baseadas em conceitos de sustentabilidade, mas que podem se tornar ainda mais onerosas.
Dois bons exemplos estão em pauta na cidade. O conjunto de três praças - Oswaldo Cruz, Sacadura Cabral e Diego Chavedar - nas proximidades da Estação Mogi das Cruzes, passa por um processo confuso de reforma. Numa das regiões mais antigas do município, a obra precisa combinar a modernidade da tecnologia wi-fi disponível para o público e um sistema de monitoramento por câmeras de vídeo com a preservação de árvores centenárias na praça.
Outro caso é a revitalização do Mercado Municipal, também no centro antigo. Inaugurado em 1965, o espaço passou por diversas reformas, na maioria das vezes, de teor estético, como pinturas externa e interna. Agora, a proposta da prefeitura é criar uma área para alimentação com a construção de um mezanino, o que vai alterar a estrutura do prédio. Mais uma vez, há um choque de interesses entre a preservação de um espaço tradicional, com mais de 50 anos de idade, e a adequação para o comércio contemporâneo, ágil e tecnológico.
Não há dúvida de que os conceitos do tempo linear e do tempo cíclico se fundem quando o assunto é a reocupação do espaço físico. A história deve seguir em frente, experimentando e inovando, mas jamais poderá desprezar seus alicerces.