Se não bastasse a pandemia da Covid-19 que alterou a dinâmica da corrida eleitoral deste ano, Mogi das Cruzes passa por outro momento inédito em relação a sua política municipal: a candidatura de vereadores que deixaram a cadeia há poucos dias após denúncias do Ministério Público (MP).
O vereador Antonio Lino (PSD) foi o primeiro a confirmar que irá explicar à sociedade que, segundo ele, está sendo vítima de uma injustiça. O parlamentar, inclusive, disse que irá às ruas durante a campanha para explicar a situação para a população "que deseja saber a verdade".
"Eu acredito que pode haver discordância da população, mas espero respeito também. Vivo em um país livre", argumentou durante entrevista coletiva em um hotel de Mogi na última quinta-feira, após receber o habeas corpus do Superior Tribunal de Justiça (STJ) que permite responder às denúncias em liberdade. O parlamentar afastado do cargo por decisão do Tribunal de Justica (TJ) ainda afirmou que "irá encarar os fatos de cabeça erguida".
Lino e outros cinco vereadores foram denunciados pelo MP no começo deste mês como integrantes de um grupo criminoso que orquestrava um esquema de corrupção no Legislativo, incluindo contratos com a Secretaria de Saúde de Mogi e o Serviço Municipal de Águas e Esgotos (Semae) e a aprovação de leis encomendadas.
As candidaturas de Mauro Araújo (MDB), Diego de Amorim Martins (MDB), Carlos Evaristo (PSB) e Jean Lopes (PL) também foram registradas, indicando que os parlamentares estão confirmados no pleito.
Apesar da insatisfação popular com o caso que envolve os parlamentares, retratada e potencializa pelas redes sociais, não há resquícios de ilegalidade na candidatura dos vereadores denunciados, já que não foram julgados pelos crimes investigados pelo MP.
A questão, neste momento, é o quanto a população está dispostas a compreender os argumentos dos denunciados. A pergunta que ronda a classe política mogiana - e que só será respondida em 15 de novembro, na urna - é se os vereadores presos conseguirão reverter a situação e angariar votos. A única certeza é que será uma campanha eleitoral atípica em Mogi.