Com integral apoio da base aliada ao Executivo, a Câmara Municipal instaura hoje a Comissão Especial de Investigação (CEI) para apurar possíveis irregularidades dos vereadores denunciados pelo Ministério Público (MP), suspeitos por aprovarem leis encomendadas e favorecer empresários locais.
Depois da análise das cópias dos contratos, processos administrativos e editais relacionados às investigações do Ministério Público (MP), disponibilizados pela Prefeitura de Mogi, que culminaram nas prisões preventivas de cinco vereadores de Mogi e na expedição do mandado de prisão de um sexto parlamentar, que segue foragido, o presidente do Legislativo, Sadao Sakai (PL), decidiu coletar assinaturas para abertura da CEI. Segundo o parlamentar Pedro Komura (PSDB), que irá assumir a presidência da comissão, o documento contará com, ao menos, as 14 assinaturas dos parlamentares da base do prefeito Marcus Melo (PSDB).
Caberá ao próprio presidente da comissão a escolha dos membros que integrarão o grupo de investigação.
A decisão pela abertura da CEI, com maior poder e autonomia para investigar os supostos crimes dos parlamentares durante o mandato, se deu após intensa manifestação popular nas redes sociais, que cobrava dos parlamentares a assinatura dos pedidos de abertura da comissão que já tramitavam na Casa.
Corriam na Câmara outros dois pedidos de abertura de CEI - dos parlamentares de oposição Caio Cunha (Podemos) e Rodrigo Valverde (PT), que não conseguiram o mínimo de assinaturas necessárias para avançar com o pedido (o novo regimento interno da Casa requer ao menos oito assinaturas para abertura de CEI).
Na última terça-feira, um dos principais líderes da base do governo na Câmara, o vereador Francimário Vieira (PL), o Farofa, já havia informado, que, caso os documentos solicitados à Prefeitura indicassem indícios de irregularidades, a comissão seria aberta, "doa a quem doer". Informações apuradas pelo Grupo Mogi News dão conta de que a presidência do Conselho de Ética será passado hoje ao vereador Farofa, quando o presidente Sakai oficializará o novo comando do grupo.
Em um primeiro momento, os vereadores decidiram apenas analisar as informações dos contratos encaminhados, mas, a pressão e a proximidade das eleições mudaram o rumo das investigações dentro da Câmara.
Na semana retrasada, o vereador e presidente do Legislativo mogiano, Sadao Sakai, havia informado que a abertura da CEI iria demorar, por isso a Câmara havia optado em apenas solicitar os documentos à Prefeitura para a realização de uma apuração mais branda. "Para fazer uma aprovação de CEI seria necessário a aprovação do documento, a publicação e escolha dos membros que vão compor a comissão. Isso acaba levando um certo tempo". Até que ela comece a produzir efeito (CEI), demora", justificou Sakai, na ocasião.
Agora, com tudo, o planejamento se alterou e a CEI será criada para que os vereadores sejam investigados dentro da própria Câmara.
Na operação deflagrada pelo MP, cumprem prisão preventiva na penitenciária de Tremembé os vereadores Carlos Evaristo da Silva (PSB), Diego de Amorim Martins (MDB), Jean Carlos Soares Lopes (PL), Mauro Araújo (MDB) e Francisco Moacir Bezerra de Melo Filho (PSB). O vereador Antonio Lino (PSD) segue foragido.Também foram presos os empresários Joel Leonel Zeferino e Carlos César Araújo, além do chefe de gabinete Willian Casanova e o chefe de gabinete do vereador Diego Martins, André Alvim. Com exceção de Zeferino, que conseguiu habeas corpus na semana passada, o restante dos empresários está no CDP de Mogi das Cruzes, no distrito do Taboão. A sócia da empresa MF, Carla Salvino, cumpre prisão domiciliar. O empresário Pablo Bezerra, filho de Chico Bezerra, que também cumpre prisão domiciliar, está foragido.