Tamanho é a associação entre política convencional com a figura masculina, que 40% das mulheres dizem não ter perfil para se candidatar a cargos públicos. A pesquisa Perfil da Mulher na Política, elaborada pelo projeto Me Farei Ouvir e pela ONG Elas no Poder investigou saber o porquê as mulheres não se candidatam.
Foram mais de 4,1 mil mulheres ouvidas em todas as regiões do Brasil para se chegar a esta conclusão. As respostas "não está no foco" (20,10%), "desinteresse" (13,7%), "incompatibilidade com partidos" (2,5%) e "falta de apoio" (1,7%) foram outras argumentações por parte das entrevistadas.
O desinteresse feminino em ocupar cargos públicos pode ser explicado pelo pouco tempo, historicamente, que as mulheres vêm sendo inseridas no mercado de trabalho. De acordo com o professor e sociólogo Afonso Pola, a questão da maior participação feminina nos cargos públicos eleitorais começou a ser discutida no começo dos anos de 1980, por partidos tidos como progressistas. "Quando nós fazemos parte de uma sociedade historicamente machista, obviamente que as mulheres demoram para ocupar este importante espaço (na política), até porque se nós pensarmos no caso do Brasil, as mulheres começam a ir para o mercado de trabalho a partir dos anos de 1970", disse o especialista. A história mostra que os partidos mais progressistas começaram, internamente, a impor cotas mínimas para a participação das mulheres, semelhante ao que é feito em nível nacional atualmente.
Para o sociólogo Pola, a tendência é de que, a medida que as mulheres consigam bons resultados na carreira política, o público feminino tenha mais interesse sobre o tema. "Quanto mais mulheres nós tivermos desempenhando funções políticas, mais a sociedade terá a ganhar". (F.A.)