A mudança acontece a partir do momento em que o homem agressor começa a falar sobre o assunto. A afirmação de Flávio Urra, coordenador do grupo socioeducativo "E Agora, José", desenvolvido com o objetivo de estancar a violência contra a mulher a partir da reflexão de homens autores de violência, foi feita durante a palestra Desconstrução do Machismo Tóxico, promovida ontem pela Secretaria Municipal de Assistência Social, na Câmara de Vereadores de Arujá.
De acordo com Urra, a cultura machista, ponto central da questão, faz parte do cotidiano de meninos desde muito cedo. "As meninas aprendem sobre cuidado quando ainda são pequenas e os meninos não. Elas brincam de boneca e ajudam a cuidar da casa, enquanto eles não podem nem se tocar, muitas vezes já desenvolvendo um jeito violento", explicou, fazendo uma reflexão sobre a forma como, normalmente, as crianças do sexo feminino e masculino são criadas.
Segundo ele, o tratamento nas fases mais novas da vida é apenas um entre muitos fatores que contribuem para os casos de violência. Urra também explica que embora foque nos homens, o grupo "E Agora, José" não existe para melhorá-los, mas fundamentalmente para enfrentar a violência contra as mulheres. Desde a criação do projeto, em 2014, mais de 300 homens foram encaminhados ao grupo pela Justiça, sendo que somente dois reincidiram.
Na abertura do evento, que atraiu mais de 90 pessoas ao plenário da câmara, o prefeito José Luiz Monteiro (MDB) também chamou atenção para a necessidade do combate à violência. "Estamos em um momento em que muitos pensam que uma arma resolve tudo, que a homofobia, o racismo e a falta de respeito geral com o próximo reflete, cada vez mais, em violência. Todo tipo de ação que enfrente esta realidade é extremamente necessária", afirmou.