O terceiro júri das chacinas ocorridas entre os anos de 2013 e 2015 em diversos bairros de Mogi das Cruzes, que vitimaram 26 pessoas, teve início ontem, por volta de 11h30, no Fórum de Braz Cubas. A previsão é que o julgamento se encerre hoje, após a conclusão dos debates que serão iniciados às 10 horas.
Os acusados - o ex-policial militar Fernando Cardoso Prado de Oliveira e o PM Vanderlei Messias de Barros - estão sendo julgados pelo homicídio de seis jovens e por duas tentativas de homicídio. Cardoso responde pela morte de Reverson Otoni Gonçalves, ocorrida em 4 de abril de 2014, e de Renato José Nogueira Neto e Rafael Simão de Oliveira Sarchi, assassinados em 26 de abril do mesmo ano. Ainda, as mortes de Marcus Vinicius dos Santos, Matheus Justino Rodrigues Costa e Thiago Nogueira Novaes também estão sendo julgadas, bem como as tentativas de homicídio de Leonardo Teixeira da Silva e Gabriel Graça Batista. O grupo de jovens estava na rua Professor Gumercino Coelho quando o caso aconteceu, no dia 8 de julho de 2015.
Ao todo, o júri, formado por sete pessoas da sociedade civil, acompanhou o depoimento de 37 testemunhas, entre acusação e defesa. A primeira delas foi o delegado do Setor de Homicídios, Rubens José Angelo. A reportagem do Grupo Mogi News de Comunicação acompanhou o início do julgamento.
Em novembro do ano passado, Cardoso foi inocentado durante o primeiro júri popular de um homicídio que aconteceu em novembro de 2013. Na ocasião, ele estava sendo acusado pelo Ministério Público (MP) como autor da morte de Matheus Aparecido da Silva, de 16 anos, e por homicídio tentado de outros dois jovens, na madrugada do dia 15 de novembro daquele ano. Já em fevereiro deste ano, Cardoso e Barros foram absolvidos no segundo julgamento, no qual estavam sendo acusados pela morte de Rafael Augusto Vieira Muniz e Bruno Gorrera, de 2014.
Luta das mães
Mais uma vez, o Grupo Mães Mogianas, que pede justiça pela morte dos jovens, pendurou cartazes nas grades do fórum e vestiu camisetas com a foto dos filhos. Uma dessas mães é Regina Simão, mãe de Rafael Simão, uma das vítimas assassinadas em 2014. "Estou com muita fé que ele (o Cardoso) vai ser condenado, são vários inquéritos, de um ele vai ter que ser condenado, não é possível. A lei de Deus sabemos que vai acontecer e queremos que saia a lei dos homens", disse.
A professora Inês Paz, que acompanha o grupo desde o início e lecionou para algumas das vítimas assassinadas, além de alguns sobreviventes, também esteve presente no júri de ontem. "Estamos esperançosos que se tenha uma condenação para eles continuarem presos", afirmou.