Pressionado pela escassez de vacina contra o coronavírus (Covid-19), o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, repetiu ontem que toda a população será imunizada neste ano. Em reunião com governadores, o general apresentou um cronograma que prevê a entrega até mesmo daquelas que ainda não foram contratadas, como Sputnik, Covaxin e Moderna.

"Temos uma previsão fantástica de recebimento de vacinas", disse Pazuello aos governadores. O general já havia feito esta promessa na última semana, em reunião no Senado. No ritmo em que a vacinação contra a Covid-19 é conduzida no Brasil, o país levaria mais de quatro anos para ter toda a sua população imunizada, conforme cálculo da USP.

O cronograma apresentado por Pazuello apontava que o Brasil receberia cerca de 454,9 milhões de doses de vacinas em 2021. A conta de Pazuello intrigou governadores, segundo pessoas presentes na reunião. Primeiro, porque uma versão diferente do cronograma foi enviada pela manhã. Além disso, por considerar negociações em andamento ou de vacinas que nem sequer apresentaram dados de eficácia, como a indiana Covaxin.

Governadores cobraram mais agilidade. "Não basta um calendário, é preciso, urgente, ampliar a quantidade de doses", disse a governadora do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra. O ministro da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, participa também da reunião.

Pazuello reconheceu que há forte onda de internações pela covid. "Essa realidade vai fazer com que a gente precise se reorganizar Precise de recursos extraorçamentários", disse aos governadores

De julho a dezembro, a previsão é que a Fiocruz fabrique de ponta a ponta 110 milhões de doses da vacina de Oxford/AstraZeneca,.

Neste período, o Instituto Butantan deve entregar 13,54 milhões de doses da CoronaVac em agosto e 8,8 milhões em setembro. Além disso, o governo pretende receber 30 milhões de doses da vacina da Moderna em outubro.

O ministério também aponta que negocia a compra de 30 milhões de doses adicionais da CoronaVac, que seriam entregues de outubro a dezembro. Em dezembro, o governo também espera receber 31,8 milhões de doses via Covax Facility.

Pazuello ainda apontou como "possibilidades" a compra das vacinas da Pfizer, com previsão de entrega de cerca de 8,71 milhões de doses em julho e outras 32 milhões em dezembro, além da compra de 16,9 milhões de unidades da Janssen.