Escrito por Dias Gomes na década de 1960, "O Pagador de Promessas" conta a história de Zé do Burro, um homem simples e habitante do interior do Estado da Bahia, que faz uma promessa para salvar o burro Nicolau, o seu grande amigo. A tal promessa, que foi feita para Iansã em um terreiro de Candomblé, consiste em levar a uma igreja uma cruz tão pesada quanto a que Jesus Cristo carregou. Quando ele chega ao local de destino, conta a sua história ao padre e é proibido de entrar no tempo por ser considerado um herege. Isso ocorre pelo fato de o personagem acreditar que Iansã, no conhecimento popular, é Santa Bárbara.
Segundo o ator Manoel Mesquita Junior, diretor da peça homônima que será encenada hoje, às 12 horas, no Largo do Rosário, a história redigida por Gomes é atual. "O espetáculo aborda o sincretismo religioso, o preconceito e a questão dos direitos. Dependendo das escolhas que uma pessoa faz, ela tem a sua vida podada. A escolha sexual, política e profissional podem acarretar em preconceito. O próprio teatro sofre com isso", comenta o gestor do Galpão Arthur Netto de Cultura e Cidadania.Ainda segundo Mesquita, o espetáculo tem uma relação forte com a cidade. "No ano passado, houve um conflito entre a Associação Pró-Divino e as agremiações de moçambiques,marujadas e congadas, que não tocaram no couro, o centro do instrumento, porque um acordo foi feito. Durante a procissão, os grupos não poderiam tocar. É, de certo modo, uma alusão ao 'O Pagador de Promessas'", finaliza. G.P.)