Pela primeira vez, o Museu de Arte de São Paulo (Masp) exibe o seu acervo completo de vestuário da Rhodia, com roupas criadas a partir da colaboração entre artistas e estilistas na década de 1960. A coleção de 79 peças, selecionadas por Pietro Maria Bardi, diretor-fundador do museu, foi doada em 1972 pela Rhodia.
A indústria química francesa promovia seus fios sintéticos no Brasil por meio de desfiles-show, editoriais e coleções de moda, numa estratégia desenvolvida por Lívio Rangan, visionário gerente de publicidade da empresa. Os eventos, realizados entre 1960 e 1970, pareciam mais espetáculos e reuniam profissionais do teatro, da dança, música e das artes visuais.
Apresentados na Feira Nacional da Indústria Têxtil (Fenit), o maior evento de moda da época, os desfiles-show exibiam até 150 peças, com duas coleções por ano.
A mostra pode ser conferida até o dia 14 de fevereiro, de terça-feira a domingo, das 10 às 18 horas, e às quintas-feiras, das 10 às 20 horas. O centro cultural fica na avenida Paulista, 1.578, na Bela Vista, em São Paulo. Os ingressos custam R$ 25 (inteira) e R$ 12 (meia-entrada). O Masp tem entrada gratuita às terças-feiras, durante o dia todo, e às quintas-feiras, a partir das 17 horas. Informações: 3149-5959. 
O acervo do Masp é o único conjunto remanescente dessa produção e inclui peças de diferentes coleções. As roupas são peças únicas, feitas sob medida e apenas para promoção da marca. Rangan, atento à moda internacional nos anos 1960, um dos períodos mais revolucionários na história da moda, trazia informações que eram reprocessadas com referências brasileiras, numa articulação de trabalhos de artistas e estilistas.
A escolha dos artistas por Rangan revelava o interesse em dialogar com a arte contemporânea do momento e refletia as principais tendências da arte e da moda. Os desfiles-show tinham uma força midiática, graças à participação de artistas consagrados e de músicos brasileiros, importantes alavancas na cadeia da moda nacional.
O conjunto do Masp inclui artistas que trabalhavam com a abstração geométrica, como Willys de Castro, Hércules Barsotti, Antonio Maluf, Waldemar Cordeiro e Alfredo Volpi; com a abstração informal, como Manabu Mabe e Antonio Bandeira; com referências populares brasileiras, como Carybé, Aldemir Martins, Lula Cardoso Ayres, Heitor dos Prazeres, Manezinho Araújo, Gilvan Samico, Francisco Brennand e Carmélio Cruz; e outros associados a uma vertente da arte pop, como Nelson Leirner e Carlos Vergara.