Já se disse que a tarefa fundamental da Filosofia é dirigir uma interrogação ao mundo. E, quando se pensa no mundo a ser interrogado, tem-se de estabelecer os seus contornos no âmbito da produção filosófica do homem como: ciência, técnica, política, economia, trabalho, linguagem, educação. Surpreso? O cotidiano, uai! Mundo que não é limite, tampouco horizonte, mas resultado do cruzamento de cada ser com o universo de seu próprio envolvimento prático e de seu compromisso político, cultural e ideológico, com ele.
Tudo isso como suporte ao desejo de promover a economia do grande estilo: aglutinar forças, entusiasmo, amor próprio, liberdade absoluta em relação a si mesmo e assumir com coragem e determinação a competência para se conduzir em direção ao horizonte almejado. Assim toda interrogação, preconizada em qualquer postura filosófica, deve ser dirigida aos agentes do fazer, nós, ao ferramental da produção, aos seus pressupostos, objetivos e resultados. Tal atitude, de permanente inquietação, jamais será de resposta. Não há porque colocar um ponto final na investigação filosófica, cujo estilo é todo ele vazado em reticências.
Reticências que levam ao interrogar: assumir a crença de que nada é estático! Nada é definitivo. Além de provisório, parcial. Assim sempre se terá de buscar e assegurar a valorização para o proibido: a coragem para transgredir! Não se pode passar de maneira indiferente, quanto mais incólume, diante da verdade, diante daquilo que se acredita correto, e que deve ser buscado. Sempre há de se adubar a coragem para elucidar os caminhos da ação e destruir a mentira e o engodo. Há que se sentir predestinado a esse labirinto. Há que ter ouvidos novos para músicas novas; olhos novos para ver o que está mais longe; consciência nova para escutar verdades emudecidas até agora.
A Filosofia não é um supersaber que se instala soberana sobre outros saberes. Ela é um farol existente, não para iluminar os caminhos dos barcos no mar, mas para alertar quanto à direção a ser seguida, evitar desvios e perigos de rotas inesperadas. Não se propõe a ensinar a verdade, mas a evitar o engano. Não é um saber do qual só se apossam os iniciados. Todos nós somos filósofos, já que a todos é possível exercer a suspensão de juízo e da ação e dirigir uma interrogação ao juízo e à ação, reordenando-os! É, pois, pela falta de prática filosófica que o PT agoniza, levando com ela o insano que teima, pasmem, em continuar se julgando o Salvador da Pátria!