Seguindo com a programação do terceiro ato da sua Apoteose de Aniversário, o grupo Contadores de Mentira receberá neste domingo às 19 horas, o espetáculo "Antígona Recortada - Contos que Cantam sobre Pousopássaros", do Núcleo Bartolomeu de Depoimentos. O espetáculo traz para a cena atual, mais precisamente para a periferia de uma grande cidade do mundo, o mito de Antígona - clássica tragédia grega de Sófocles - utilizando o recurso do spoken word (poesia falada) como elemento motriz da encenação.
Em síntese, esse é mote de "Antígona Recortada - Contos que Cantam Sobre Pousopássaros". Vale ressaltar que a montagem foi indicada ao Prêmio Shell 2013 de melhor autora (Claudia Schapira) e Inovação, pela pesquisa e pelo resultado na criação de sonoridades e partituras corpo musicalizadas. A apresentação será às 19 horas no Teatro Contadores de Mentira, na avenida Major Pinheiro Froes, 530, Parque Maria Helena, em Suzano. A entrada é gratuita e classificação indicativa de 12 anos.
O mais recente trabalho do Bartolomeu é totalmente ancorado em seu núcleo fundador: Claudia Schapira assina a dramaturgia e dirige as atrizes/MC's Roberta Estrela D'Alva e Lua Gabanini, enquanto o DJ Eugênio Lima responde pela direção musical do espetáculo e executa ao vivo a dramaturgia sonora.
Tendo a tragédia Antígona como mote, o espetáculo narra a trajetória de jovens meninas em alguma periferia de mundo, que diante do constante extermínio dos "irmãos envolvidos com o tráfico de drogas", decidem uma ação de desacato, procurando em valas e buracos todos os corpos que não foram enterrados e dar a eles o devido repouso sob a terra. Na sequência, criam uma "fresta no tempo", uma zona autônoma temporária, "um dia de poder ser criança" e de ter direito à poesia, levando as crianças para uma laje abandonada.
O tema da "desobediência civil" é despertado mediante a ação dessas jovens que reivindicam o direito de enterrar seus mortos, como na tragédia original, evocando ainda a criação de "um outro mundo possível", discutindo o valor da vida, direito natural e a necessidade urgente de criar um novo imaginário. Num espaço cênico delimitado, desenhado por microfones em pedestais e equipamentos de DJ, instaura-se uma "ágora-minimalista", onde a palavra falada e cantada corporifica a ação, fazendo e desfazendo "mundos", mesclando linguagens e construindo formas de contracena.