Neste sábado, o Centro Cultural de Mogi das Cruzes será palco de um bate-papo sobre os 40 anos de morte do jornalista Vladimir Herzog, morto em 1975, em decorrência de torturas sofridas por militares na época da Ditadura Militar. O evento, que será realizado às 20 horas na sala Wilma Ramos, tem como convidado Mário Sérgio de Moraes, conselheiro do Instituto Herzog, escritor, historiador e professor de Comunicação Social e Direitos Humanos nas Universidade de Mogi das Cruzes (UMC), Universidade de São Paulo (USP) e Fundação Armando Alvares Penteado (Faap). O Centro Cultural fica na praça Monsenhor Roque Pinto de Barros, s/n°, centro.
"Será uma palestra a respeito da significância histórica da morte do jornalista Herzog, que despertou a busca pela liberdade e pelos direitos humanos", conta Moraes. Segundo ele, durante a semana, uma série de eventos com o tema estão sendo realizados pela cidade de São Paulo. No domingo, a praça da Sé receberá um culto ecumênico para relembrar o acontecido e prestar uma homenagem ao jornalista.
De acordo com o historiador, discutir temas como este nos dias de hoje é fundamental. "As pessoas, principalmente os jovens, quando falamos em história, ficam receosas, já pensam em algo chato. Mas quando contextualizamos e trazemos aquele debate para a realidade em que vivem, tudo se torna mais interessante. Hoje não é um Vladimir Herzog, são milhares e as pessoas nem notam", destaca o professor.
A morte de Vladimir Herzog é considerada um fato histórico. Acusado de cometer suicídio, o jornalista foi uma das muitas vítimas da Ditadura Militar. A investigação do crime foi comentada e recebeu protestos e pressão de uma população que buscava justiça com o reconhecimento da causa do falecimento: a tortura. "Só quem passou por esse tipo de experiência sabe como é. Eu, como professor, conheci uma época em que você não poderia dar uma aula e processar as suas ideias sem que saísse preso. O Estado jamais pode ser o da força, do ódio. O Estado é do direito e da lei. Mas isso não cai no nosso colo, isso é conquistado. É uma luta contra a tortura", conta Moraes. Além da discussão acerca da morte de Herzog, o bate-papo busca retratar temas como liberdade de Imprensa e luta por direitos.
Outro tema a ser abordado na palestra de Moraes será a sua experiência como escritor. Dentre as obras do professor, estão "O Acaso da Ditadura: Caso Herzog" e "50 anos Construindo a Democracia". "Já publiquei oito livros, e a minha experiência como escritor será retratada. Quero incentivar escritores a publicarem e acreditarem em seus escritos", explica. Ele declara ainda que passou um tempo de sua carreira compondo de maneira silenciosa e acredita que esclarecer dúvidas sobre questões do dia a dia irá encorajar futuros escritores. Um dos seus segredos é reparar em situações corriqueiras. "Todos têm um avô, um pai e uma história, daí surgem bons livros", completa. (Sob supervisão de editores)