Se em vez de brigas, a dança fosse a arma usada pelos grupos rivais para resolverem suas diferenças? Assim, surgiram as batalhas de danças pelas ruas das cidades, que, aos poucos, deram um novo ritmo aos espaços culturais e ganharam os palcos. Para homenagear este segmento em ascensão, Mogi das Cruzes recebe, a partir de hoje e até domingo, a 1ª Semana de Danças Urbanas. Veja a programação completa no quadro nesta página.
Realizada pela Secretaria Municipal de Cultura e organizada pela Work Class Crew, a Semana apresentará os mais variados estilos de dança, como free step, breaking, locking, popping, waacking, house, free style e free c.walk.
O destaque serão as batalhas, começando hoje com o free step; depois, com o breaking, e no encerramento, com as eliminatórias, que garantem uma vaga no campeonato nacional.
Segundo o secretário municipal de Cultura, Mateus Sartori, as oficinas de danças urbanas são as mais procuradas na Casa do Hip Hop e também durante o Festival de Inverno Serra do Itapety, realizado em julho. "Tivemos a demanda de pais que levavam os filhos para as aulas e pediam para participar e temos atividades de danças em outros locais, mesmo antes da abertura da Casa do Hip Hop", destaca.
Cadu Araújo, professor de dança urbana na Casa do Hip Hop e responsável pela Work Class Crew, conta que o formato escolhido para esta primeira edição é pioneiro no País. "Temos festivais em outros Estados que duram poucos dias, mas, desta vez, teremos campeonatos, mostra e workshops com professores, coreógrafos e dançarinos renomados", ressalta.
A expectativa é que entre participantes e competidores, a Semana reúna cerca de 500 pessoas da região e também de outros Estados. As inscrições para os eventos terminaram ontem, mas todos são abertos ao público, que pode assistir gratuitamente às apresentações nos diferentes palcos da cidade. "Que esta ideia se espalhe por todo o Brasil. Em outros países, há vários campeonatos que duram dias, e até semanas, movimentando o turismo e a economia de cidades inteiras", ressalta Araújo.
Há 18 anos na dança, com títulos nacionais e estaduais conquistados, o professor destaca que a luta foi grande para o reconhecimento das danças urbanas. "A tradução literal de 'street dance' como dança de rua é errônea, soando como algo que envolve bandidos ou marginais. O correto é 'danças urbanas', o que fica mais imponente e aos poucos conquistou o seu espaço", avalia Araújo, que também integra a equipe Die Hard Crew, é jurado do campeonato nacional e participa do projeto social Matéria Rima, que combina as disciplinas escolares com a cultura hip hop. 
Aniversário
Inaugurada em agosto do ano passado, a Casa do Hip Hop superou as expectativas. "O espaço está ficando pequeno. O prefeito (Marco Bertaiolli) tem o hábito de revitalizar os prédios e antes de transformar o espaço, levei o pessoal e pensamos que seria suficiente para as atividades, mas a demanda cresceu, fruto da parceria com o movimento hip hop, que é muito presente. O balanço é muito positivo. Um dos alunos, inclusive, tornou-se professor de danças urbanas", comemora Sartori.