Em ato solene realizado nesta quarta-feira (26), a Câmara Municipal de Mogi das Cruzes realizou cerimônia para homenagear o “Dia e o Mês da Mulher”. O evento obedece ao Requerimento nº.  25/2025, de autoria das vereadoras Fernanda Moreno (MDB), Inês Paz (PSOL), Malu Fernandes (PL) e Priscila Yamagami (PP). A intenção é reconhecer publicamente as mulheres mogianas que se destacam em diversas áreas da sociedade.

Nesta noite, receberam placas de “Honra ao Mérito” a prefeita da Cidade, Mara Bertaiolli (PL), o coletivo feminista PLPs (Promotoras Legais Populares), representado pela integrante Sara Sousa, e a delegada titular das DDMs (Delegacia de Defesa da Mulher) de Mogi das Cruzes e Suzano, Silmara Marcelino.

Os trabalhos legislativos foram conduzidos pela vereadora Priscila Yamagami, com a vereadora Inês Paz na primeira secretaria.  Também compuseram a mesa diretiva as vereadoras Malu Fernandes (PL) e Fernanda Moreno (MDB), a representante do coletivo homenageado PLPs Sara Sousa, a prefeita e homenageada Mara Bertaiolli, a homenageada e delegada da DDM, Silmara Marcelino, o padre Marcos Sulivan, pároco da Paróquia São Benedito — representando o bispo diocesano dom Pedro Luiz Stringhini —, a presidente do Fundo Social de Solidariedade, Maira Cusatis, e o assessor parlamentar Expedito Tobias — representando o deputado estadual Marcos Damásio (PL).

Também prestigiaram o ato solene o presidente da Câmara, José Francimário Vieira (PL), o Farofa, Edson Santos (PSD), Bi Gêmeos (PSD), Johnross (PRD), pastor Osvaldo Silva (Rep) e Maurinho do Despachante (PRD).

Inês Paz iniciou a série de discursos. “É uma homenagem importante. Não podemos combater o machismo apenas em março. Nós mulheres sofremos com o machismo estrutural, e as mulheres pretas sofrem ainda mais. Nossa sociedade foi construída com base no machismo e precisamos aprender a construir um futuro em novos moldes. Salve as mulheres e salve a luta feminista. Vamos ocupar todos os lugares que merecemos”.

Coautora da condecoração, a vereadora Fernanda Moreno também usou a palavra. “No meu primeiro mandato, fui vereadora sozinha. Fui muito bem tratada pelos vereadores, mas é muito difícil. Agora, estou no terceiro mandato e somos quatro vereadoras. A violência contra a mulher não para. Todos os dias temos de gritar mais alto para sermos ouvidas. Mas estamos mostrando a nossa força e deixando o nosso legado”.

Em seguida, falou a parlamentar Malu Fernandes. “Hoje é um dia de festa e alegria. Agradeço ao presidente e vereador Farofa, que permitiu que nós mulheres presidíssemos as sessões neste mês de março. Há muitas falas e gestos machistas na política. Por isso, é importante enaltecer os atos positivos. Há uma crença ruim de que as mulheres competem entre si. Em Mogi das Cruzes, isso não se concretiza. Superamos nossas diferenças ideológicas e partidárias para respeitar a nossa trajetória”.

O padre Marcos Sulivan também deixou seu recado. “Dou os parabéns a todas as mulheres, especialmente as homenageadas e as vereadoras autoras da proposta. A presença de Mara Bertaiolli na prefeitura mostra que as mulheres sabem liderar. Há muito tempo falamos da triste realidade que ainda vivemos com inúmeras cenas de violência contra mulher. O papa Francisco, recentemente, falou que a mulher ocupa um dos papéis mais importantes na Igreja: ela trouxe o Salvador ao mundo. Devemos aceitar e valorizar as mulheres. Esse é o desejo de Deus”.

Logo em seguida, falou Sara Sousa, da equipe de coordenação do coletivo PLPs. “Nosso movimento existe em Mogi desde 2019. Visamos a garantia de direitos e a luta por políticas públicas. Muitas mulheres não conseguem identificar quando estão em ciclos de violência. Não é somente no lugar de relacionamentos: sofremos violência no hospital, na padaria, quando somos mães atípicas, como eu, e em várias outras situações. É fundamental a parceria do poder público para mudar esta realidade”.

Silmara, titular das DDMs de Mogi e Suzano, agradeceu a honraria. “Março foi um mês muito intenso. Todos os dias, vejo mulheres sofrendo por causa da cultura do machismo, na qual elas são vistas como objetos. Nosso objetivo maior é evitar o feminicídio. Para isso, precisamos de uma rede municipal forte. Não é só de punição que a gente precisa”.

Mara Bertaiolli, prefeita de Mogi, também deixou suas palavras em gratidão à honraria. “Ainda temos um longo caminho para percorrer na política. Mas o gesto de Farofa em deixar as vereadoras no comando das sessões em março mostra que, apesar das dificuldades, estamos no caminho certo. Estamos desconstruindo a ideia de que a mulher não pode estar onde ela quiser. Agradeço imensamente às quatro vereadoras. Se eu estou como prefeita, é porque vocês vieram antes. Vereadora Inês há anos luta pelas mulheres. Agradeço à vereadora Fernanda, tão combativa na causa animal. Malu, que é muito nova, já foi muito julgada pela juventude, mas mostrou a sua garra em querer aprender. Já a vereadora Priscila tem coragem, humildade e resiliência: foi a primeira vice-prefeita de Mogi. Mesmo sendo de partidos diferentes, nosso propósito é o mesmo: cuidar de quem mais precisa”.

Por fim, Priscila Yamagami encerrou a utilização da tribuna. “A cada fala, meu coração vibrou. Apesar das nossas diferenças, nós vereadoras temos muito em comum: a luta pelas mulheres e por Mogi. Agradeço ao Farofa por esse gesto simbólico que nos foi dado agora em março. Nossas homenageadas representam todas as cidadãs mogianas e todas as mães, que são os pilares da família. Atrás de cada pessoa há uma história que precisa ser respeitada. Fiquei emocionada com todas as palavras. Tenho fé que Mogi será um exemplo para nosso país”.

Mara Bertaiolli

Mara Bertaiolli é mogiana e formada em Pedagogia pela Universidade de Mogi das Cruzes. Atuou como professora em colégios de Mogi das Cruzes até abrir sua própria escola, onde trabalhou entre 2000 e 2010, quando passou a se dedicar integralmente ao Fundo Social de Solidariedade de Mogi das Cruzes, um ano após o marido, Marco Bertaiolli, assumir o primeiro mandato na Prefeitura.

Mara coordenou campanhas como Natal de Sorrisos, Campanhas do Agasalho, Pense Rosa - para conscientização da prevenção ao câncer de mama -, Outubro Azul - para conscientização da prevenção ao câncer de próstata - e ações como Noite do Bem, Cursos Profissionalizantes e Bazares Solidários do Fundo Social.

 

Em 2014, ela fundou a Associação do Voluntariado de Mogi das Cruzes, na área do Hospital Municipal, coordenando campanhas como Pé Quentinho, Bazar Solidário, Novembro Azul, Outubro Rosa, Mutirão Solidário e de arrecadação de cestas básicas.

 

Mara presidiu a entidade, responsável por ações que facilitam a adaptação de crianças, adolescentes e familiares ao ambiente hospitalar, além de auxiliar no atendimento, acolhimento e orientação aos pacientes e seus acompanhantes, até o início de 2024, quando se desligou do cargo para ser pré-candidata à prefeita de Mogi das Cruzes.

É a primeira prefeita da história de Mogi das Cruzes, responsável também pela criação da Secretaria da Mulher, pasta que em parceria com os demais segmentos da Prefeitura, atua na promoção da segurança, educação, saúde, esporte, empreendedorismo e protagonismo da mulher mogiana.

Silmara Marcelino

Escrivã da Polícia Civil de 1992 a 2004, Silmara Marcelino é delegada há mais de 20 anos. Graduada em Direito pela UBC (Universidade Braz Cubas), a profissional é ainda especialista em Direito Constitucional pela Escola Superior de Direito Constitucional pela Escola Superior de Direito Constitucional.

Em sua trajetória, ela registrou brilhantes passagens por unidades de segurança pública como a Delegacia de Poá, a Delegacia de Itaquaquecetuba e a Delegacia de Suzano. Atualmente, Silmara é delegada titular das DDMs (Delegacia de Defesa da Mulher) de Mogi das Cruzes e Suzano.

 

Coletivo Promotoras Legais Populares

As Promotoras Legais Populares, nesta noite representadas pela integrante Sara Sousa, é um coletivo que leva a educação popular feminista em direitos para mulheres da classe trabalhadora. O grupo atua na construção coletiva do conhecimento com outras mulheres, possibilitando muitas vezes o acesso à justiça, a serviços e a políticas que possam efetivamente melhorar suas vidas e das pessoas à sua volta.

Trata-se de uma organização feminista autônoma que atua no Brasil desde a década de 1990. Em Mogi das Cruzes, o trabalho iniciou em 2019.  A formação é exclusiva para mulheres (trans, travestis, cis) e voltada para a educação popular em direitos e políticas públicas para mulheres.

O coletivo se organiza de forma totalmente voluntária. A formação conta com certificado de participação de forma totalmente gratuita. Desde 2019, mais de 250 mulheres de Mogi e região receberam atendimento pelo coletivo Promotoras Legais Populares, ampliando o acesso aos serviços de atendimento às mulheres da cidade, além de fortalecer redes autônomas de apoio entre as próprias mulheres. Além disso, o coletivo participa ativamente dos Conselhos Municipais da cidade, fortalecendo o debate sobre políticas públicas que atendam as mulheres mogianas.

As Promotoras Legais Populares (PLPs) funcionam como agentes multiplicadoras de cidadania. Elas são lideranças comunitárias que escutam, orientam, dão conselhos e auxiliam outras mulheres a ter acesso à justiça e aos serviços que devem ser procurados quando sofrem algum tipo de violação de seus direitos.

Além do papel orientador, as PLPs compartilham informações e promovem o uso instrumental do Direito no dia a dia. A ideia é instrumentalizar mulheres para que elas possam ser mais livres para desenvolver todo seu potencial pessoal, social, político e econômico.