Seja para levar ao trabalho ou facilitar a rotina em casa, as marmitas têm se consolidado como um negócio lucrativo na área de abrangência do escritório do Sebrae-SP no Alto Tietê. As pequenas empresas do setor registraram um crescimento expressivo nos últimos anos, passando de 188 estabelecimentos em 2018 para 3.084 em 2023, o que representa a criação de 2.896 novos empreendimentos no período. Os Microempreendedores Individuais (MEIs) formam a maior parcela de negócios em atividade, dos 3.090 empreendimentos cadastrados até março de 2024, 89% são da categoria. 

O levantamento promovido pelo Sebrae-SP, com base em dados da Receita Federal, considera, ainda, as Microempresas (ME) e as Empresas de Pequeno Porte (EPP). O estudo indicou que um dos principais saltos no número de empreendimentos ocorreu de 2019 para 2020, quando o número de negócios passou de 635 para 1.547 estabelecimentos, ou seja, um avanço de 143%. O hábito de pedir marmitas se integrou ao estilo de vida de muitas famílias, que enxergaram essa prática como uma forma de gerenciar melhor o tempo e as compras no mercado.  

"Durante a pandemia, muitas pessoas começaram a empreender, e o ramo de alimentação foi um dos que apresentou grande adesão. Paralelamente, a procura por uma alimentação mais saudável ganhou força, assim como a praticidade na hora de fazer uma refeição em casa, o que estimulou a criação desses negócios voltados para pratos prontos e, muitas vezes, congelados, que podem ser armazenados por um período maior, reduzindo o tempo de preparo e o trabalho na cozinha", analisou a gerente regional do Sebrae-SP, Gilvanda Figueirôa.  

Esse cenário é confirmado pelo levantamento, que mostrou que a principal motivação para a compra das marmitas é a praticidade e a economia de tempo, com 77% das indicações. Para 45% dos entrevistados, a opção é uma maneira de evitar desperdício. 

A pesquisa do Sebrae-SP apontou, ainda, que os pratos tradicionais são preferidos por 73% dos clientes, seguidos de perto pelas marmitas saudáveis (61%) e pelas refeições de culinária específica ou internacional (56%). Entre os entrevistados, seis em cada dez gastam, em média, entre R$ 20 e R$ 30 por compra. No momento do pagamento, o PIX é utilizado por 89% dos consumidores, enquanto 68% preferem o vale-alimentação e 54% optam pelo cartão de crédito.  

O consultor de negócios do Sebrae-SP Márcio Barbosa, gestor de alimentação fora do lar do escritório Alto Tietê, reforçou que é preciso analisar o mercado e os clientes antes de empreender. "Para iniciar um negócio, é necessário ser competitivo. O primeiro passo é conhecer as empresas já estabelecidas, aprender a formar preço e pensar em possíveis diferenciais, como nichos de público. Outra ação importante é se capacitar e dominar as técnicas de preparação, cozimento e congelamento. A aquisição de equipamentos como ultracongeladores trará mais qualidade aos pratos e ajudará a manter suas características originais", orientou.  

O estudo também mostrou que uma das maneiras de agregar valor às refeições prontas é a venda de bebidas, adquirida por 73% dos clientes, além das sobremesas (preferidas por 18% dos entrevistados) e das saladas e pães (escolha de 14% das pessoas). 

O escritório regional do Sebrae-SP no Alto Tietê oferece cursos e capacitações para quem deseja empreender. A unidade funciona na Avenida Francisco Ferreira Lopes, 345, Vila Lavínia, Mogi das Cruzes, de segunda a sexta-feira, das 9h às 17h. Para mais informações, entre em contato pelo telefone (11) 4723-4510.  

Metodologia 

A pesquisa foi realizada com 400 pessoas do Estado de São Paulo, com 18 anos ou mais, por e-mail. A amostra é proporcional à população por localidade, incluindo o município de São Paulo, demais cidades da região metropolitana e do interior, considerando a faixa etária e a classe econômica, de acordo com as projeções populacionais do IBGE para 2020 e a distribuição por classe de consumo, conforme o IPC Maps 2020 (IPC Marketing Editora).  

Trajetória  

A empreendedora Charleni Rosa, proprietária da Charluz Marmitas Saudáveis, em Suzano, começou no ramo das marmitas em 2019. Antes o seu negócio era focado na comercialização de suco de uva e vinho. "Trabalhávamos em feira livre e surgiu a oportunidade de começar a vender marmitas. Logo depois veio a pandemia e foi isso que nos salvou. No começo tínhamos cerca de 12 sabores, hoje contamos com 80 opções, incluindo as tradicionais, fitness, vegetarianas e zero lactose, sem contar as sobremesas funcionais, mais proteicas e com menos açúcar para agregar valor e benefícios para a saúde", contou.  

Hoje, a empreendedora conta com uma loja física, aberta há três meses, uma meta que foi colocada no início das operações. "Levamos cinco anos para conquistar nosso espaço, hoje produzo as marmitas na cozinha da loja, conto com quatro pessoas freelancers que nos ajudam e estamos atraindo novos clientes. O Sebrae-SP nos ajudou muito na organização do negócio, no controle de custos, com as entradas e o fechamento mensal, hábito que mantemos até hoje. Ao começar um negócio é preciso atuar com cuidado e ter em vista as necessidades dos clientes. Temos que trabalhar para ajudar os consumidores, com praticidade e para suprir suas necessidades, o dinheiro é uma consequência deste atendimento", apontou Charleni.