A Câmara de Mogi das Cruzes recebeu nesta quarta-feira (13) a secretária municipal de Mobilidade Urbana, Míriam Benites, para esclarecimentos sobre a renovação de contrato (nº 27/2010), por mais dez anos, entre a Prefeitura e a empresa Princesa do Norte SA., que presta serviço de transporte coletivo na cidade. A reunião foi presidida por Iduigues Martins (PT), membro da Comissão Permanente de Transporte e Segurança Pública.

“A Câmara Municipal entendeu que o processo foi um pouco apressado, sem envolver o Legislativo, sem envolver a Comissão de Transporte e a sociedade em geral”, pontuou Martins. O parlamentar também argumentou que uma renovação tão longa necessitava de um diálogo mais amplo com o novo governo eleito.

A secretária informou que a renovação de contrato por dez anos é prevista, sendo um instrumento para a continuidade do transporte coletivo na cidade. “O entendimento é que foi um procedimento normal de renovação contratual”, afirmou. Ela também explicou a celeridade do processo: “Hoje nós temos a tecnologia, tudo é online na prefeitura. Foi um processo mais rápido, mas de tramitação totalmente normal, não teve nada às pressas”.

A vereadora Inês Paz (PSOL) lamentou que a renovação tenha acontecido sem um diálogo com a sociedade e com a equipe de transição do novo governo que assume a Prefeitura a partir do próximo ano. “O que me estranha é a forma como foi feita a renovação. Poderiam ter chamado o Conselho Municipal de Transporte ou dialogado com a equipe de transição. Existem muitas reclamações sobre atrasos de horário, superlotação e falta de conforto”, ressaltou Paz.

A questão da superlotação e do atendimento do transporte público em geral, segundo a secretária, não é um problema somente de Mogi. Ela admitiu que existem problemas em horários de pico, mas que em outros horários os ônibus circulam vazios ou com poucos passageiros. “A gente precisa respeitar o contrato em relação ao equilíbrio econômico e financeiro. O que ocorreu é que tivemos uma queda na demanda de passageiros”, pontuou.

A vereadora Malu Fernandes (PL) questionou se existe alguma pesquisa de satisfação do usuário das linhas de ônibus operadas pela empresa Princesa do Norte e se isso foi levado em consideração no processo de renovação de contrato. A secretária ressaltou que existem pesquisas e conversas com os usuários. “Com base nisso a gente amplia as linhas e faz ajustes nos horários”, informou a chefe da pasta.

Houve questionamentos de vários parlamentares sobre a manutenção do subsídio que a Prefeitura paga às empresas de transporte público, valor que garantiu o congelamento da tarifa do ônibus nos últimos anos. Esse subsídio corresponde a R$ 0,70 por passageiro e se encerra no final do ano. Miriam ressaltou que a manutenção ou o encerramento desse modelo vai depender da decisão da nova gestão e da previsão do subsídio na Lei Orçamentária Anual (LOA).

Ao final da reunião, o presidente da Casa, Francimário Vieira, o Farofa (PL), ressaltou a importância de um bom relacionamento entre Prefeitura e Câmara, mas também criticou a falta de diálogo no processo de renovação do contrato do transporte coletivo. “Nós nunca falamos aqui que o processo é ilegal, mas é um processo imoral. Se o prefeito Caio Cunha tivesse sido reeleito, ele teria mais quatro anos e poderia assinar esse contrato tranquilamente. Existe uma transição de governo, isso não pode ser ignorado”, afirmou.

Também estiveram presentes na reunião os vereadores Edinho (PP), Policial Maurino (Pode), Edson Santos (PSD), Marcos Furlan (Pode), Zé Luiz (PL), Carlos Lucarefiski (PV), Juliano Botelho (PSB) e Bi Gêmeos (PSD), além de representantes de Fernanda Moreno (MDB) e Mauro Yokoyama (PL).