Mogi das Cruzes, localizada na rota de crescimento da única megalópole da América Latina, enfrenta um desafio singular: equilibrar o crescimento urbano acelerado com a preservação do meio ambiente e a qualidade de vida dos seus cidadãos. À medida que a população cresce, as demandas por infraestrutura, serviços públicos e oportunidades de emprego se intensificam, exigindo um planejamento urbano que vá além do imediato e que considere as gerações futuras. 

O conceito de resiliência urbana envolve a capacidade de uma cidade de se adaptar e se preparar para mudanças, sejam elas ambientais, sociais ou econômicas. Contudo, implementar essa visão em Mogi das Cruzes não é uma tarefa simples. As pressões de grupos empresariais, focados principalmente no lucro e na expansão econômica, muitas vezes sobrepõem-se aos interesses coletivos de qualidade de vida. Embora a chegada de grandes investimentos seja frequentemente celebrada como uma solução para o desemprego, os impactos negativos de tais iniciativas raramente são discutidos com a mesma ênfase. 

Os investimentos, que a princípio parecem promissores, podem, na verdade, acentuar desigualdades sociais e econômicas. A criação de empregos é frequentemente acompanhada pelo aumento da violência, do estresse urbano e por uma demanda crescente por serviços públicos como creches, escolas e hospitais. Este ciclo, muitas vezes vicioso, cria uma equação que não fecha: por mais que se invista em infraestrutura, a população continua crescendo, e as necessidades, longe de serem satisfeitas, tornam-se cada vez mais urgentes. 

Esse cenário evidencia a falta de um planejamento de longo prazo que envolva todos os atores da sociedade, não apenas os que controlam a economia local. É fundamental que os profissionais das áreas tecnológicas, urbanistas, arquitetos, engenheiros e planejadores sejam ouvidos e incluídos nas discussões sobre o futuro da cidade. Sem essa integração, o desenvolvimento de Mogi das Cruzes continuará a ser guiado por interesses imediatistas, que, embora possam oferecer soluções a curto prazo, não sustentam a resiliência urbana necessária para enfrentar os desafios do futuro. 

A participação cidadã é outro elemento crucial para o desenvolvimento sustentável de Mogi das Cruzes. Não basta cobrar ações dos gestores públicos, que muitas vezes estão mais preocupados com a próxima eleição do que com o bem-estar a longo prazo da população. A construção de uma cidade resiliente depende do envolvimento ativo de todos os moradores, que devem ser incentivados a participar do planejamento urbano e das decisões que afetam diretamente suas vidas. 

Nesse sentido, a educação para a cidadania e a conscientização sobre as questões urbanas são ferramentas poderosas para transformar a realidade de Mogi das Cruzes. É essencial que a população seja informada e capacitada para entender os impactos das políticas públicas e dos investimentos privados, de modo a cobrar dos gestores uma postura mais responsável e alinhada com os princípios de sustentabilidade e equidade. 

O futuro de Mogi das Cruzes deve ser pensado a partir de uma perspectiva holística, que reconheça a complexidade das questões urbanas e valorize a contribuição de todos os setores da sociedade. A cidade precisa de um planejamento estratégico que considere as demandas atuais sem comprometer a qualidade de vida das futuras gerações. Para isso, é necessário que o poder público, o setor privado e a sociedade civil trabalhem juntos na construção de uma cidade verdadeiramente resiliente, onde o crescimento econômico esteja em harmonia com a preservação do meio ambiente e o bem-estar social. 

A visão de uma Mogi das Cruzes do futuro deve ser guiada pela busca constante por equilíbrio. Somente assim será possível construir uma cidade capaz de resistir aos desafios impostos pelo crescimento e, ao mesmo tempo, oferecer uma vida digna e de qualidade para todos os seus cidadãos.

 

Nota do Autor: Este artigo apresenta uma reflexão sobre os desafios e as oportunidades que se colocam para Mogi das Cruzes no contexto de crescimento urbano. Com a participação de todos os setores da sociedade, é possível construir um futuro mais justo, equilibrado e sustentável para a cidade.