O Conselho Municipal de Patrimônio Cultural (Compac) de Suzano apresentou nesta segunda-feira (18) os estudos referentes ao processo de tombamento do antigo Paço Municipal (rua Campos Salles, 601 - Centro), onde funciona atualmente o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Os aspectos históricos e arquitetônicos relacionados ao prédio foram demonstrados em evento realizado no Centro de Educação e Cultura Francisco Carlos Moriconi e contou com as presenças da secretária municipal de Cultura, Márcia Belarmino; do diretor de Cultura, Amaury Rodrigues; da presidente do Compac, Cind Octaviano; e do vereador Jaime Siunte, que fez a indicação para o trabalho.

📲Siga nosso canal de notícias no Whatsapp e fique por dentro de tudo em tempo real!!


A atividade também teve a participação dos conselheiros envolvidos no levantamento de dados colhidos ao longo do último ano. A relatoria do processo ficou a cargo do professor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia (IFSP), Wagner Garo, que reuniu depoimentos de 23 ex-servidores e ocupantes de cargos eletivos que trabalharam no local durante o período em que o prédio foi sede do Poder Executivo municipal, entre 1952 e 1993, e do Poder Legislativo suzanense, entre 1952 e 2002. O material ajudou o Compac a recontar a história do edifício e evidenciar sua relação com o desenvolvimento da cidade, juntamente com pesquisas conduzidas pelo historiador Rodrigo Ferreira.

Esse resgate histórico também foi compartilhado durante a explanação do conselheiro, que destacou o simbolismo do Paço Municipal para a formação da identidade suzanense. “A inauguração deste prédio, em 31 de maio de 1952, foi prestigiada pelo então governador de São Paulo, Lucas Nogueira Garcez, o que representou a primeira visita de um chefe do Poder Executivo estadual à cidade após a emancipação político-administrativa do município, no ano de 1949, justamente o ano que marcou o início das obras do antigo Paço Municipal”, contou Ferreira.

A construção também mereceu uma análise minuciosa por parte do Compac, conforme explicou Cind Octaviano. Idealizado no estilo Art Déco, a estrutura foi desenvolvida a partir de um estilo arquitetônico sofisticado, que até hoje é considerado uma obra-prima entre os especialistas. “A fachada, o acabamento e o espaço interno foram considerados muito bem planejados, o que faz desta estrutura uma referência para a cidade, até mesmo para estudantes de Arquitetura”, pontuou a presidente do órgão.

Garo ressaltou que foi muito emocionante trazer à tona as histórias vividas neste período por quem fez parte do início de Suzano. “Conseguimos entrevistar pessoas que a gente via nos jornais da época, que eram políticos ilustres. Eles nos falaram sobre a rotina de atividades no espaço, que era compartilhado entre servidores da prefeitura e da Câmara Municipal. Por meio deste trabalho de investigação, ainda tivemos acesso a documentos da época, que nos ajudou a entender também como funcionava o dia a dia do Paço”, revelou o relator.

A apresentação realizada pelos conselheiros representou a penúltima etapa do processo de tombamento. De posse de todo o material colhido neste último ano, que comprova a importância histórica desta estrutura, os integrantes do Compac se reunirão na quinta-feira da semana que vem (28) para deliberar sobre o assunto. Se a maioria votar a favor, o primeiro Paço Municipal de Suzano será o terceiro patrimônio tombado no município, assim como já ocorreu com a Academia de Judô Terazaki, na Vila Urupês, e com o Conjunto Histórico da Fazenda Sertão, localizado no distrito de Palmeiras. Os munícipes que desejarem contribuir com este trabalho podem mandar, até sexta-feira (22), sugestões pelo link, ou enviar e-mail para compacsuzano@gmail.com.

O vereador Jaime Siunte, que propôs o tombamento do prédio, ressaltou o valor histórico da primeira sede e de sua relação com o espaço. “A história de Suzano passa por ali, onde foram realizadas inúmeras sessões legislativas. Quando eu era novo, ajudava meu pai a realizar a limpeza do local após as atividades, e lembro bem dos momentos em que havia cerimônias especiais, marcadas pelo velório de várias personalidades. Anos depois, tive a oportunidade de ser suplente de vereador quando a Câmara Municipal ainda funcionava neste local, em 1993. Por diversos motivos indiquei esses estudos para que pudéssemos garantir o resgate de tantos episódios vividos neste prédio”, frisou o parlamentar.

Por sua vez, a secretária municipal de Cultura, Márcia Belarmino, afirmou que a apresentação do Compac tem um caráter muito simbólico, pois dialoga com a memória afetiva de muitos suzanenses. “O primeiro Paço Municipal reforça a relação de pertencimento do morador com a cidade. Muitos se lembram daquele espaço como referência dos poderes Executivo e Legislativo do município, e, por isso, o prédio sempre foi uma referência. A partir do processo de tombamento, poderemos valorizar a história desse local e mostrar sua importância para o desenvolvimento da cidade. Cumprimento a equipe do Compac que esteve envolvida neste trabalho. Foi uma grande contribuição para toda a população”, declarou a titular da pasta.