No dia 14 de fevereiro, Quarta-feira de Cinzas, às 19h, na Catedral Sant'Ana, o bispo diocesano, Dom Pedro Luiz Stringhini, preside a missa e a abertura da Campanha da Fraternidade 2024 (CF 2024) na Diocese de Mogi das Cruzes (SP).

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A Quarta-feira das Cinzas é uma data penitencial, em que os cristãos manifestam o desejo pessoal de conversão a Deus. A liturgia conserva os elementos tradicionais como a imposição das cinzas na celebração da Santa Missa e o jejum durante o dia (abster-se de algum alimento, neste dia em especial, carnes). As cinzas abençoadas colocadas sobre a cabeça são como um sinal de humildade, recordar a fragilidade da vida humana, somos pó e que ao pó voltaremos, reforça a reflexão sobre a necessidade de conversão e a mudança de vida.

A celebração dá início ao tempo da Quaresma, 40 dias dedicados à preparação da Páscoa. Por isso, durante o tempo quaresmal, a Igreja Católica orienta aos fiéis que pratiquem o jejum, a esmola e a oração, pois é um tempo forte para afastar-se do mal e reconciliar-se com Deus.

Campanha da Fraternidade 2024 (CF2024)

Inspirada na Encíclica do Papa Francisco, Fratelli Tutti, a Campanha da Fraternidade 2024 (CF2024) traz o tema "Fraternidade e Amizade Social" e o lema "Vós sois todos irmãos" (Mt 23,8). A CF, dentro do caminho penitencial da Igreja, propõe também durante a Quaresma, um convite de conversão à amizade social e ao reconhecimento da vontade de Deus de que todos sejam irmãos e irmãs.

"A CF 2024 reflete a preocupação do episcopado brasileiro em aprofundar a fraternidade como contraponto ao processo de divisão, ódio, guerras e indiferença que tem marcado a sociedade brasileira e o mundo", afirmou Dom Ricardo Hoepers, bispo auxiliar da Arquidiocese de Brasília e secretário-geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).

O Objetivo Geral da CF 2024 é despertar para o valor e a beleza da fraternidade humana, promovendo e fortalecendo os vínculos da amizade social, para que, em Jesus Cristo, a paz seja realidade entre todas as pessoas e povos. Já os Objetivos Específicos são: 1. ANALISAR as diversas formas da mentalidade de indiferença, divisão e confronto em nossos dias e suas consequências para toda a humanidade, inclusive na dimensão religiosa; 2. COMPREENDER as principais causas da atual mentalidade de oposição e conflito, geradora da incapacidade de ver nas outras pessoas um irmão e irmã; 3. IDENTIFICAR iniciativas de comunhão, reconciliação e fraternidade, capazes de estimular a cultura do encontro; 4. REDESCOBRIR, a partir da Palavra de Deus, a fraternidade, a amizade social e a comunhão como elementos constitutivos de todo ser humano; 5. ACOLHER o magistério da Igreja sobre a fraternidade universal, como ajuda ao discernimento nas inúmeras situações de conflito e divisão; 6. APROFUNDAR a compreensão da comunhão e da fraternidade como caminho para a realização pessoal e para a paz em todas as situações da vida; 7. CONSCIENTIZAR sobre a necessidade de construir a unidade em meio à pluralidade, superando divisões e polarizações; 8. ESTIMULAR a espiritualidade, os processos, os hábitos e as estruturas de comunhão na Igreja e na sociedade; 9. INCENTIVAR e PROMOVER iniciativas de reconciliação entre pessoas, famílias, comunidades, grupos e povos.

Dentro das Campanhas da Fraternidade acontece o gesto concreto: a doação à Coleta Nacional da Solidariedade, que neste ano será no dia 24 de março de 2024, Domingo de Ramos e da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo. A coleta fortalece os Fundos Diocesanos e Nacional de Solidariedade, que colaboram com centenas de projetos sociais por todo o Brasil, sempre ligados ao tema da CF de cada ano.

60 anos das Campanhas da Fraternidade

A Campanha da Fraternidade nasceu na década de 1960, por iniciativa de três padres que trabalhavam na Cáritas Brasileira e planejaram uma campanha para arrecadar recursos a fim de financiar as atividades assistenciais da instituição. Monsenhor Hilário Pandolfo, diretor nacional; padre Edmundo Leising, diretor regional (SP, MG, PR e MT); e monsenhor Aldred Schneider, diretor da Catholic Relief Services (CRS), órgão de assistência social da Conferência Episcopal dos EUA, apresentaram a proposta ao responsável pelo Secretariado Nacional da Ação Social da CNBB, Dom Eugênio de Araújo Sales. À época administrador apostólico de Natal, o bispo acolheu a proposta e sugeriu que a primeira CF fosse realizada na arquidiocese de Natal.  

Antes disso, porém, uma iniciativa de Monsenhor Expedito Sobral de Medeiros, também na arquidiocese de Natal, motivou um gesto de solidariedade por jovens da Juventude Agrária Católica, na Semana Santa de 1958, considerado a primeira semente do que mais tarde germinaria como Campanha da Fraternidade.

Em 1962, nasce a CF na arquidiocese de Natal, com a adesão de três dioceses e um apoio financeiro dos bispos norte-americanos. No ano seguinte, 16 dioceses do Nordeste brasileiro realizam a CF, gerando uma exitosa experiência pastoral que repercutiu em todo o Brasil.  

Ainda em 1963, no dia 26 de dezembro, o secretário-geral da CNBB, Dom Helder Câmara, enviou carta circular a todos os bispos comunicando que a CF de 1964 seria em âmbito nacional e teria como tema "Lembre-se você também é Igreja". A proposta recebeu a adesão de 70 das 184 dioceses instaladas no país até aquele momento. Em 1965, com o tema "Faça de sua paróquia uma comunidade de fé, culto e amor", a CF foi realizada em 91 dioceses.

O processo iniciado em 1964 marcou a Igreja no Brasil, tornando-se expressão de comunhão, conversão e partilha. No site de Campanhas da CNBB, esses três sinais são aprofundados: "Comunhão na busca de construir uma verdadeira fraternidade; conversão na tentativa de deixar-se transformar pela vida fecundada pelo Evangelho; partilha como visibilização do Reino de Deus que recorda a ação da fé, o esforço do amor, a constância na esperança em Cristo Jesus (Cf. 1Ts 1,3)".