No coração da Amazônia, em um flutuante às margens do Rio Tarumã, em Manaus (AM), vive Esdras Barbosa, de 57 anos, que trocou as ruas da cidade de Mogi das Cruzes, onde tinha seu porto-seguro em meio a passagens por outras cidades e países, por uma vida dedicada à arte da fotografia. Para ele, sua jornada é um testemunho de coragem, paixão e respeito pela beleza selvagem de uma das maiores florestas do mundo.

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Natural de São Caetano do Sul, Esdras veio para Mogi das Cruzes ainda criança, e ao longo de sua trajetória intercalou períodos na cidade com passagens por Belém (PA), Chile e Colômbia. Em 2001, sua filha Sofia nasceu em Mogi. A decisão de deixar a cidade e abraçar Manaus foi motivada pelo projeto Expedição Amazônia, que fez com os alunos de uma escola onde dava aulas de espanhol. A iniciativa, criada em 2011, tinha como objetivo fazer uma viagem que proporcionasse aos estudantes aprendizagem e uma vivência cultural e social na floresta. A pandemia de Covid-19 impossibilitou a continuidade do projeto. 

Depois de uma última viagem em 2019 para Manaus, Esdras decidiu no ano seguinte deixar Mogi para viver em um flutuante (uma casa sobre o rio) na capital amazonense. “Vivo uma vida simples, austera, com o meu cachorro Barão. Sempre foi meu sonho viver em Manaus, e aqui eu dedico minha vida à fotografia e ao turismo de aventura. Faço viagens longas em caiaque, pesco e aprecio a natureza”, relatou Barbosa. 

Sua jornada não foi isenta de desafios. A adaptação à vida ribeirinha e a convivência com as forças imprevisíveis da natureza exigiram resiliência, segundo o fotógrafo. Ele contou que em uma forte tempestade, o telhado do flutuante foi arrancado: “As tempestades aqui são bem assustadoras, não aconteceu nada comigo, mas poderia ter acontecido. Foram dois dias intensos de fortes tempestades e rajadas de vento”.

Em 2023, Barbosa disse que enfrentou a maior seca da história da cidade. “O verão aqui castiga, o calor é muito forte. No ano passado foi o auge do calor e vivemos a extrema seca. O rio Tarumã secou muito, e eu conseguia atravessar andando, com água no joelho. A maioria dos flutuantes ficaram em terra seca”, contou. 

O fotógrafo disse que estabeleceu uma conexão especial com as comunidades locais, compartilhando suas histórias por meio de imagens. Ele explicou que seu trabalho vai além do estético, buscando sensibilizar as pessoas sobre a importância da preservação da Amazônia e das culturas indígenas. 

Projetos

Para 2024, os planos são expor suas fotografias em Manaus e também em Mogi das Cruzes no Centro Cultural, além de retomar o projeto Expedição Amazônia na escola em que trabalhava.  “Quero escrever um livro onde posso contar minhas experiências aqui no Norte do país, o que eu vi e vivi aqui na Amazônia”, destacou também. 

O fotógrafo ressalta a importância da natureza: “Quero que as pessoas tenham a consciência de que a preservação da Amazônia é essencial para a vida do planeta, e esta última seca, que foi a mais forte já registrada na história, foi um aviso da natureza, mostrando como é frágil a vida. A selva pode virar deserto se a ganância humana não for freada”, finalizou. 



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