No Café com Mogi News de hoje a Diretora Pedagógica da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) de Mogi das Cruzes, Ana Paula Nagaroto, destaca as histórias de superação de alunos que, atualmente, já ingressaram no mercado de trabalho e que estão realizando sonhos como estudar cursos superiores em universidades da região. Ana Paula também fala sobre os alunos atletas e músicos da instituição.
O Café, promovido em parceria da Padaria Tita, traz também quais desafios são enfrentados pela instituição para se manter de portas abertas, os recursos financeiros doados à unidade e o trabalho voluntário que faz toda diferença. Além disso, em razão da pandemia do coronavírus (Covid-19), a diretora conta como foi a retomada das atividades presenciais.
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Conta pra gente um pouquinho sobre a sua história com a Apae de Mogi?
Ana Paula:Entrei na Apae há 24 anos, iniciei meu trabalho de forma voluntária, depois trabalhei como professora por cinco anos. Trabalhei na equoterapia por nove anos e depois assumi a direção da escola.
Nesse período o que você tem a contar de especial sobre a Instituição?
Ana Paula: A Apae é um local em que me sinto realizada como pessoa e profissional. Durante esses 24 anos, foram muitas histórias emocionantes. O fato de eu poder ver o desenvolvimento dos meus alunos é gratificante. Eu tenho muitos alunos que hoje estão no mercado de trabalho, pessoas que foram meus alunos no começo da minha trajetória com a instituição, e outros que conseguiram chegar a um nível universitário, por exemplo. Além disso, há muitas histórias de superação das famílias. Com certeza o crescimento maior é nosso.
Fala pra gente sobre a Apae?
Ana Paula: A instituição foi fundada por Ricardo Strazzi em 27 de março de 1969. Na época, a cidade não tinha atendimento para pessoas com deficiências, então o senhor Ricardo levava o filho dele para São Paulo, e as dificuldades eram inúmeras, por conta de transportes e distância, por exemplo. A esposa dele foi uma das primeiras cinco mulheres a aprender a dirigir justamente para ajudar a levar seu filho e também outras famílias para São Paulo. Por conta disso, surgiu a ideia de fundar a instituição. A unidade iniciou com seis alunos. Hoje, com 53 anos, a instituição presta assistência para alunos com diferentes deficiências de Mogi das Cruzes e região.
Como são realizados os atendimentos e quantas pessoas são atendidas?
Ana Paula: Atendemos mais 650 crianças com deficiência. A Apae é uma organização social que atende em três áreas, na assistência social (trabalho direto com as famílias), saúde (atendimento médico e terapêutico) e educação (são feitos atendimentos dos 3 anos até 29 anos e 11 meses de idade). Também temos o projeto de estimulação para crianças de 0 a 3 anos aberto a toda a população. Há também a estimulação para pessoas com transtorno do espectro autista (TEA) e também a reabilitação por meio da equoterapia. Além disso, temos o projeto Boca Feliz, que realiza atendimentos odontológicos e o trabalho de encaminhar os alunos para o mercado de trabalho.
Como a Instituição avalia os alunos e como funciona o acolhimento das famílias?
Ana Paula: A porta de entrada da Apae é assistência social ou por meio de encaminhamento da Secretaria de Educação. Quando surge a vaga a instituição chama esse aluno. A equipe multidisciplinar é responsável por avaliar essa pessoa que poderá ser atendido pela Apae.
Quando se fala em Apae a primeira imagem que vem na cabeça das pessoas é o tratamento da Síndrome de Down ou o cadeirante, mas hoje o nosso público com essa deficiência não chega a 15%, porque esse aluno também pode ser atendido na rede pública de ensino. Atualmente, os alunos atendidos na Apae, são pessoas que precisam de muito apoio e que não há possibilidade de ser atendido em uma escola da rede público. Há alunos que precisam aprender a ir ao banheiro sozinho, pegar um copo de água ou simplesmente colocar uma roupa, por exemplo. Pessoas que precisam aprender a realizar atividades funcionais do dia a dia.
Como a instituição se mantém de portas abertas?
Ana Paula: Nosso principal parceiro é a Prefeitura Municipal, temos também um convênio com a Secretaria de Educação do Estado de São Paulo, além disso, temos associados e projetos que são financiados por empresas.
Todas as atividades foram retomas após pandemia e como foi o atendimento durante a pandemia?
Ana Paula: A pandemia foi um desafio, principalmente por meio de atividades online. Porém, a nossa equipe conseguiu atingir 100% dos nossos alunos. É claro que não tivemos 100% de retorno, mas entendemos as diversas situações. Os atendimentos individuais foram realizados respeitando todos os protocolos.
Qual é a agenda da Apae para este ano?
Ana Paula: Foram dois anos de pandemia sem eventos, e todos os recursos arrecadados são importantes para a instituição. Este ano, já fizemos vários eventos, como festa junina, feiras de artesanato, festas em condomínios, festa do Divino Espírito Santo, no mês passado foi a nossa caminhada, mas ainda este ano, serão realizadas outras atividades.
Conta pra gente os cases de sucesso da Apae?
Ana Paula: Tenho um aluno que trabalha há 15 anos no McDonald's, outra aluna que se formou em pedagogia, outro aluno que é motorista de cargas perigosas, ele viaja o Brasil inteiro. O esporte é uma ferramenta muito importante quando se fala em inclusão, na Apae também temos os atletas, uma equipe de natação que disputou o campeonato estadual, e agora conseguiu a vaga para disputar o nacional no mês de dezembro, em Aracajú. A banda da Apae, que é composta por adolescente e adultos que são alunos e ex-alunos, também já participou de campeonatos nacionais e já gravou CDS. Os alunos amam as aulas de música, são grandes artistas.
Falamos da parte acadêmica, dos esportes e com relação ao mercado de trabalho?
Ana Paula: Há alguns anos, encontrávamos muitas dificuldades por conta da deficiência intelectual, quando chegávamos nas empresas e apresentávamos os alunos, havia uma certa resistência. Então fizemos vários trabalhos com a direção pedagógica e psicóloga para mostrar às empresas que os alunos têm capacidade. E chegou o dia que tivemos uma oportunidade de estágio em uma empresa. Atualmente temos alunos com mais de 15 anos na mesma empresa.
Conta pra gente quais são os trabalhos realizados na unidade da Vila Moraes?
Ana Paula: Lá no Núcleo Rural temos um espaço para os atendidos acima de 30 anos que não são mais atendidos na educação. O espaço conta com oficinais ocupacionais como, horta, caminhada e contato com a natureza. As atividades são realizadas uma vez por semana no local. Já os alunos com idade menor do que 30 anos podem praticar a equoterapia. O andar do cavalo é semelhante ao nosso, e os alunos fazem um trabalho de aproximação, motora e biopsicossocial.
Quem quiser ajudar a Apae deve entrar em contato de que forma?
Ana Paula: A Apae tem várias campanhas, como arrecadação de tampinhas plásticas, latinhas, jornal. As pessoas podem nos ajudar por meio de Pix, pela Nota Fiscal Paulista ou na conta de energia elétrica. Além disso, é possível ser sócio colaborador. O telefone da Apae é 4728-4999.