Aos 20 anos de idade um jovem, com um ideal, decide lutar pelo seu povo e integrar a luta armada na Revolução Constitucionalista de 1932. Fernando Pinheiro Franco, reverenciado em Mogi das Cruzes, deixa sua família e parte para o confronto na divisa de São Paulo com Minas Gerais. Antes de enfrentar esta, que seria sua última história, deixou um registro para sua mãe avisando-a de que iria para o campo de batalha e despedindo-se, já que ele partiu direto do Citibank, onde trabalhava, para a guerra.
Dez dias depois do registro, o voluntário morreu com um tiro de fuzil que varou o capacete, ao levantar a cabeça na trincheira em que estava de sentinela.
Veja a seguir a íntegra da carta dele, endereçada à mãe Júlia:
São Paulo, 28.07.32
Querida Mamãe
O meu dever de Paulista me chama às armas. Parto com o coração transbordante, pois vou cumprir com o dever sagrado de proteger o nosso Estado.
Espero que a mamãe não fique triste, pois irei acompanhado por Deus e todos os santos que me protegerão contra o inimigo cruel que tenta entrar neste nosso querido torrão natal.
Vou para um lugar em que não há muito perigo, graças a Deus. Vou e voltarei muito em breve.
Peço que me desculpe de não ir vê-la, pois não há tempo. Entretanto, se passar por Mogy, pelas 7 horas da manhã irei despedir-me de todos.
Aqui fica o meu "Até logo" a todos de casa. Abraços ao Papai, Cida, Guiomar, Nelson, Djanira, Galdininho, Francisco, Julinha, Lilia, Célia e José.
Escreva-me ao Djalma, dando as despedidas por mim.
Lembranças a Luiza, à Áurea-Julia e a todos os conhecidos meus.
Escrever-lhe-ei do lugar em que estiver.
À mamãe, um abraço e beijo do filho, que lhe quer muito bem e pede-lhe a bênção.
Fernando
* Reze por mim e por todos. Sant'Anna de Mogy me guardará, assim como todos os santos, por isso, não tenha cuidado.
Carta escrita por Fernando Pinheiro Franco antes de partir para a guerra